Crenças africanas se destacaram em enredos nas escolas do Rio de Janeiro
Seis agremiações brilharam na Marquês de Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial
Publicação:03/03/2014 06:40Atualização: 03/03/2014 07:56
“Vai tremer, o chão vai tremer”. O verso do samba-enredo da Império da Tijuca deu o tom da abertura do primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A agremiação, que foi a campeã do ano passado no Grupo de Acesso A, invadiu a Marquês de Sapucaí às 21h desse domingo (2/3), juntamente com outras cinco escolas. Um festival de cores, beleza e muito samba no pé encantou a plateia que acompanhou as apresentações do tradicional carnaval carioca.
A Grande Rio e a Mangueira tiveram enredos que falavam sobre o Descobrimento do Brasil em suas comissões de frente. A cultura africana foi o mote da Império da Tijuca e também retratado pela Mangueira e no desfile do Salgueiro. Todas as escolas usaram muitos elementos acrobáticos e efeitos especiais. Acrobatas se apresentaram em um canhão humano na Grande Rio. A Mangueira levou uma tirolesa para a Sapucaí e uma artista chegou a "levitar" em uma alegoria do Salgueiro. Não houve atraso em nenhum dos desfiles e foram mínimos os imprevistos. Um carro da Mangueira ficou entalado e teve uma peça arrancada para conseguir sair. Uma das alegorias da Salgueiro soltou fumaça, mas não pegou fogo, e teve problemas com iluminação de outro carro.
Império da Tijuca
A escola que no ano passado conquistou o direito de desfilar entra as agremiações do Grupo Especial, voltou a defender um enredo com bases africanas, se empenhando para mostrar que tem competência para permanecer na elite do carnaval do Rio. O enredo “Batuk”, que marcou a estreia do carnavalesco Júnior Pernambucano no Grupo Especial, foi interpretado pelos 3.300 componentes divididos em 31 alas durante 75 minutos de desfile. A escola mostrou a força do toque e do batuque que chegou ao Brasil com os negros africanos e se disseminou em festas, religiosidade e outras atividades culturais. Um dos carros liberou na plateia jatos de água com arruda, sengudo a escola, para abençoar a plateia. A Tijuca apostou em ritmos mais recentes da cultura afro, representados pela figura de Chico Science e Nação Zumbi, Filhos de Gandhi e Afroreggae.
Grande Rio
A segunda escola, a Acadêmicos da Grande Rio, permaneceu 81 minutos na Sapucaí. O enredo “Verdes olhos de Maysa sobre o mar, no caminho: Maricá”, transformou uma simples cidade, que completa 200 anos, em um grande desfile. Diferentemente de uma visão histórica, a Grande Rio falou sobre o lugar a partir do ponto de vista da cantora paulista, que na década de 1970, largou a agitação das grandes cidades para se refugiar, com seu piano, na tranquilidade do litoral fluminense. Ao todo, 3.326 componentes se dividiram em 31 alas. Um dos destaques do desfile foi uma enorme locomotiva com fumaça e som, que contou a história do progresso da cidade, que passou a transportar seus produtos agrícolas após a construção da estação de trem. Outro ponto alto do desfile foi um artista chileno, que foi arremessado por um enorme canhão sobre uma rede no veículo de apoio, arrancando aplausos da plateia.
São Clemente
A São Clemente entrou na Sapucaí, às 23h48, com 3.000 componentes em 34 alas. A escola, que já apresentou na avenida enredos que tratavam de questões sociais, abordou dessa vez o dia a dia das favelas do Rio. O enredo deste ano, “Favela”, desenvolvido pela diretora de teatro Bia Lessa, fez a agremiação subir a favela, para mostrar toda sua riqueza, malemolência e criatividade, desde a arquitetura aos costumes da população. Churrasquinho na laje, pipas, piscininhas de plástico e latas d'água ganharam espaço no desfile, que durou 80 minutos. A escola homenageou diversas favelas do Rio em suas alas, com fantasias originais e bastante coloridas. A que mais chamou a atenção foi a que retratou o Morro Santa Marta. Uma enorme pedra que existe no local foi representad, além de uma alusão ao astro Michael Jackson, que gravou um clipe ali quando esteve no país, em 1996.
Mangueira
Invadindo a madrugada, à 1h15, a Estação Primeira de Mangueira foi a quarta escola a cruzar a avenida. O enredo “A festança brasileira cai no samba da Mangueira”, da carnavalesca Rosa Magalhães, empolgou o público, ao falar sobre as festas brasileiras que transformam qualquer espaço aberto num grande palco. A escola cantou o bumba-meu-boi, São João, Parada Gay e outras festas. Os 4.500 componentes foram divididos em 36 alas. Um dos carros da escola ficou entalado e para conseguir sair teve uma peça arrancada. No entanto, a escola não excedeu o tempo máximo de desfile. Um dos pontos altos do desfile foi o momento em que a bateria, durante a parada, foi comandada pelo mestre Airton Nunes para uma bem ensaiada orquestra de tamborins, levantando o público. Nesse momento, a rainha da bateria Evelyn Bastos, de 20 anos, subiu em um apoio de quatro metros de altura em meio aos ritmistas e mostrou toda a beleza no figurino e no samba no pé.
Salgueiro
A quinta escola foi a Acadêmicos do Salgueiro que levou para a Marquês de Sapucaí, às 2h47, a história do envolvimento do ser humano com o Planeta Terra, com o enredo “Gaia, a vida em nossas mãos”. Com samba-enredo cantado em coro nas arquibancadas, 4.100 componentes, em 35 alas, mostraram a formação do mundo com a visão de diferentes povos, como os de língua iorubá. A aposta da escola foi levar as forças dos orixás da umbanda e do candomblé. A comissão de frente chamou a atenção, trazendo os quatro elementos da natureza (fogo, água, terra e ar) representados pelos deuses africanos. O melhor efeito veio em seguida, no abre-alas, onde uma bailarina parecia levitar em cima do carro alegórico.
Beija-Flor
Às 4h21, a vice-campeã de 2013 encerrou o primeiro dia do Grupo Especial, com 1 hora e 19 minutos de desfile. Com o enredo “O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira”, a Beija-Flor, teve como personagem principal José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, destaque do setor de comunicação no Brasil. O resumo do enredo da escola da Baixada Fluminense contou que "saindo do caos da evolução da espécie humana, quando o novo ser decide se agrupar, surge a grande necessidade de se comunicar". Foi mostrada a evolução da comunicação desde a Mesopotâmia, onde se deu a invenção da primeira escrita de que se tem conhecimento, passando pela China, onde foi inventado o papel, e chegando à Grécia, terra onde a oratória e os discursos ganharam notoriedade. A escola também contagiou o público.
A Grande Rio e a Mangueira tiveram enredos que falavam sobre o Descobrimento do Brasil em suas comissões de frente. A cultura africana foi o mote da Império da Tijuca e também retratado pela Mangueira e no desfile do Salgueiro. Todas as escolas usaram muitos elementos acrobáticos e efeitos especiais. Acrobatas se apresentaram em um canhão humano na Grande Rio. A Mangueira levou uma tirolesa para a Sapucaí e uma artista chegou a "levitar" em uma alegoria do Salgueiro. Não houve atraso em nenhum dos desfiles e foram mínimos os imprevistos. Um carro da Mangueira ficou entalado e teve uma peça arrancada para conseguir sair. Uma das alegorias da Salgueiro soltou fumaça, mas não pegou fogo, e teve problemas com iluminação de outro carro.
Império da Tijuca
Império da Tijuca
A escola que no ano passado conquistou o direito de desfilar entra as agremiações do Grupo Especial, voltou a defender um enredo com bases africanas, se empenhando para mostrar que tem competência para permanecer na elite do carnaval do Rio. O enredo “Batuk”, que marcou a estreia do carnavalesco Júnior Pernambucano no Grupo Especial, foi interpretado pelos 3.300 componentes divididos em 31 alas durante 75 minutos de desfile. A escola mostrou a força do toque e do batuque que chegou ao Brasil com os negros africanos e se disseminou em festas, religiosidade e outras atividades culturais. Um dos carros liberou na plateia jatos de água com arruda, sengudo a escola, para abençoar a plateia. A Tijuca apostou em ritmos mais recentes da cultura afro, representados pela figura de Chico Science e Nação Zumbi, Filhos de Gandhi e Afroreggae.
Grande Rio
Grande Rio
A segunda escola, a Acadêmicos da Grande Rio, permaneceu 81 minutos na Sapucaí. O enredo “Verdes olhos de Maysa sobre o mar, no caminho: Maricá”, transformou uma simples cidade, que completa 200 anos, em um grande desfile. Diferentemente de uma visão histórica, a Grande Rio falou sobre o lugar a partir do ponto de vista da cantora paulista, que na década de 1970, largou a agitação das grandes cidades para se refugiar, com seu piano, na tranquilidade do litoral fluminense. Ao todo, 3.326 componentes se dividiram em 31 alas. Um dos destaques do desfile foi uma enorme locomotiva com fumaça e som, que contou a história do progresso da cidade, que passou a transportar seus produtos agrícolas após a construção da estação de trem. Outro ponto alto do desfile foi um artista chileno, que foi arremessado por um enorme canhão sobre uma rede no veículo de apoio, arrancando aplausos da plateia.
São Clemente
São Clemente
A São Clemente entrou na Sapucaí, às 23h48, com 3.000 componentes em 34 alas. A escola, que já apresentou na avenida enredos que tratavam de questões sociais, abordou dessa vez o dia a dia das favelas do Rio. O enredo deste ano, “Favela”, desenvolvido pela diretora de teatro Bia Lessa, fez a agremiação subir a favela, para mostrar toda sua riqueza, malemolência e criatividade, desde a arquitetura aos costumes da população. Churrasquinho na laje, pipas, piscininhas de plástico e latas d'água ganharam espaço no desfile, que durou 80 minutos. A escola homenageou diversas favelas do Rio em suas alas, com fantasias originais e bastante coloridas. A que mais chamou a atenção foi a que retratou o Morro Santa Marta. Uma enorme pedra que existe no local foi representad, além de uma alusão ao astro Michael Jackson, que gravou um clipe ali quando esteve no país, em 1996.
Mangueira
Mangueira
Invadindo a madrugada, à 1h15, a Estação Primeira de Mangueira foi a quarta escola a cruzar a avenida. O enredo “A festança brasileira cai no samba da Mangueira”, da carnavalesca Rosa Magalhães, empolgou o público, ao falar sobre as festas brasileiras que transformam qualquer espaço aberto num grande palco. A escola cantou o bumba-meu-boi, São João, Parada Gay e outras festas. Os 4.500 componentes foram divididos em 36 alas. Um dos carros da escola ficou entalado e para conseguir sair teve uma peça arrancada. No entanto, a escola não excedeu o tempo máximo de desfile. Um dos pontos altos do desfile foi o momento em que a bateria, durante a parada, foi comandada pelo mestre Airton Nunes para uma bem ensaiada orquestra de tamborins, levantando o público. Nesse momento, a rainha da bateria Evelyn Bastos, de 20 anos, subiu em um apoio de quatro metros de altura em meio aos ritmistas e mostrou toda a beleza no figurino e no samba no pé.
Salgueiro
Salgueiro
A quinta escola foi a Acadêmicos do Salgueiro que levou para a Marquês de Sapucaí, às 2h47, a história do envolvimento do ser humano com o Planeta Terra, com o enredo “Gaia, a vida em nossas mãos”. Com samba-enredo cantado em coro nas arquibancadas, 4.100 componentes, em 35 alas, mostraram a formação do mundo com a visão de diferentes povos, como os de língua iorubá. A aposta da escola foi levar as forças dos orixás da umbanda e do candomblé. A comissão de frente chamou a atenção, trazendo os quatro elementos da natureza (fogo, água, terra e ar) representados pelos deuses africanos. O melhor efeito veio em seguida, no abre-alas, onde uma bailarina parecia levitar em cima do carro alegórico.
Beija-flor
Beija-Flor
Às 4h21, a vice-campeã de 2013 encerrou o primeiro dia do Grupo Especial, com 1 hora e 19 minutos de desfile. Com o enredo “O Astro Iluminado da Comunicação Brasileira”, a Beija-Flor, teve como personagem principal José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, destaque do setor de comunicação no Brasil. O resumo do enredo da escola da Baixada Fluminense contou que "saindo do caos da evolução da espécie humana, quando o novo ser decide se agrupar, surge a grande necessidade de se comunicar". Foi mostrada a evolução da comunicação desde a Mesopotâmia, onde se deu a invenção da primeira escrita de que se tem conhecimento, passando pela China, onde foi inventado o papel, e chegando à Grécia, terra onde a oratória e os discursos ganharam notoriedade. A escola também contagiou o público.