Filme de Bertrand Bonello conta a história do estilista Yves Saint Laurent
Apesar dos momentos maçantes do longa, o diretor consegue desfiar o senso de provocação
Ricardo Daehn
Publicação:14/11/2014 06:02
No começo do filme de Bertrand Bonello, dois monumentos estão frente a frente: a Torre Eiffel e Yves Saint Laurent (Gaspard Ulliel). Com pleno firmamento, a torre não balança; já Laurent, munido de tesouras e agulhas, no que chama de batalha pela elegância, leva existência volúvel, com obras inspiradas em Marcel Proust — enquanto a concorrência (Jean-Paul Gaultier, por exemplo) bebia de “histórias em quadrinhos”.
Ao lado de Bonello, Thomas Bidegain (de Ferrugem e osso) assina o roteiro, com bastante peso em cima das influências externas que Laurent sofreu. Está explícita a mão de ferro do companheiro Pierre Bergé (Jérémie Renier) no ambiente sisudo do ateliê de Laurent. Sem o peso dessa proteção, o cinebiografado se vê descontrolado e investe na degeneração (até sexual).
Sujeito ativo nesse desencaminhar do protagonista é o conquistador Jacques de Bascher (o marcante Louis Garrel), modelo que teve por ocupação inspirar Karl Lagerfeld, concorrente de Yves nas passarelas.
Nessa reprodução do meio mais mundano, regado a sexo ocasional, o diretor (até pelos anteriores Tirésia e Casa de tolerância) leva vantagem no recorte de vida que cercou, entre os anos de 1967 e 1976.
Mesmo em maçantes momentos do filme, quando se mostra engravatados em negociatas do mundo da moda, há lugar para Bonello desfiar o senso de provocação, no exame da superficialidade do meio.
Cinebiografia expõe dos amores às decepções do estilista
No começo do filme de Bertrand Bonello, dois monumentos estão frente a frente: a Torre Eiffel e Yves Saint Laurent (Gaspard Ulliel). Com pleno firmamento, a torre não balança; já Laurent, munido de tesouras e agulhas, no que chama de batalha pela elegância, leva existência volúvel, com obras inspiradas em Marcel Proust — enquanto a concorrência (Jean-Paul Gaultier, por exemplo) bebia de “histórias em quadrinhos”.
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Introspectivo, o personagem presencia parte do declínio da civilização. Ao mesmo tempo, está numa encruzilhada, pois assume ter criado “um monstro” (a si próprio).Ao lado de Bonello, Thomas Bidegain (de Ferrugem e osso) assina o roteiro, com bastante peso em cima das influências externas que Laurent sofreu. Está explícita a mão de ferro do companheiro Pierre Bergé (Jérémie Renier) no ambiente sisudo do ateliê de Laurent. Sem o peso dessa proteção, o cinebiografado se vê descontrolado e investe na degeneração (até sexual).
Sujeito ativo nesse desencaminhar do protagonista é o conquistador Jacques de Bascher (o marcante Louis Garrel), modelo que teve por ocupação inspirar Karl Lagerfeld, concorrente de Yves nas passarelas.
Nessa reprodução do meio mais mundano, regado a sexo ocasional, o diretor (até pelos anteriores Tirésia e Casa de tolerância) leva vantagem no recorte de vida que cercou, entre os anos de 1967 e 1976.
Mesmo em maçantes momentos do filme, quando se mostra engravatados em negociatas do mundo da moda, há lugar para Bonello desfiar o senso de provocação, no exame da superficialidade do meio.