Brasília-DF,
25/ABR/2024

Chatô - O rei do Brasil traz elenco luminoso

Magnata da comunicação é retratado em longa bem cuidado e provocador

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Ricardo Daehn Publicação:27/11/2015 07:00Atualização:27/11/2015 09:39
Chatô- o rei do Brasil demorou vinte anos para ser filmado  (Vira Comunicação/Divulgação)
Chatô- o rei do Brasil demorou vinte anos para ser filmado
 
Se arte é poder e representa prestígio, como descreve o protagonista de Chatô, o diretor Guilherme Fontes, à frente da mais tumultuada produção nacional de ultimamente, está bem na fita. Provocador, num filme que parece beber do roteiro de um Charlie Kaufman (Sinédoque, Nova York), Fontes retalha, com afiada irreverência, a figura de Assis Chateaubriand, magnata das comunicações e criador dos Diários Associados, capaz de desautorizar até presidentes.
 
 
 
De humor peculiar e extremamente dinâmico, o longa acompanha a estirpe visionária apregoada por Chatô. É bom ressaltar que a cinebiografia vem numa escala de delírio e absurdo e avança em quatro elementos caros a Assis: dinheiro, jornalismo, influência e mulheres. A relação de mútuo espezinhar entre Chatô e Getúlio Vargas, além das ligeiras tréguas, está coberta no enredo.
 
Histriônico, Paulo Betti lembra Antônio Abujamra, na pele de Vargas. Já o protagonista, feito por Marco Ricca, vem com pontuação corajosa, num papel cheio de arroubos e intimidação e com estofo para estar no “céu” ou no “covil”.
 
Um retrato aventuresco e alucinado integra o longa de Guilherme Fontes. O filme mostra um Chatô que tem a escrita “como arma”, e encontra fragilidade em mulheres do porte da socialite Vivi Sampaio (Andrea Beltrão, sempre luminosa). No plano do deboche, Vivi pouco vê civilidade em Assis, enquanto ele se serve do burlesco romance com a lolita Lola (Leandra Leal), na pele de uma rainha do rádio.
 
Com ótima direção de arte, Chatô prende ainda pelo verborrágico e pelo fluxo de comunicação. Tal qual um Chacrinha mirrado, o próprio ator Guilherme Fontes está em cena, na fita: como apresentador do que seria o “julgamento do século”, com o Assis réu apto a ser publicamente execrado (ou não), em pleno programa de tevê.
 
Cobrando “a dívida pela ignorância do nosso povo”, o Chatô do longa transparece contemporaneidade: “invade” até novela, exibida ao vivo, para detonar a “corja vermelha”; é projetado acima da lei e conquista um trono, munido de bravatas. Num filme, Fontes (dialogando com Rogério Sganzerla) desconstrói um personagem, para passar o Brasil a limpo.

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