Dilema pessoal impera em 'A garota do livro'
Sem apelação, a cineasta Marya Cohn posiciona Alice, frente a frente, com a controversa figura do escritor Milan Daneker
A protagonista do filme de estreia da diretora Marya Cohn, Alice, bem podia ser chamada de A Garota da Capa; num posto genérico: aquele lindo rostinho (no caso, da atriz Ana Mulvoy-Ten) impresso na revista mensal de amenidades. Inserida num meio intelectual brotado do mercado editorial — pelo empreendimento do pai (Michael Cristofer, em boa atuação) —, Alice, porém, atravessa desafios concretos e até mesmo dolorosos.
Sem apelação, a cineasta Marya Cohn (que revelou, há 20 anos, Natalie Portman, num curta), posiciona Alice, frente a frente, com a controversa figura do escritor Milan Daneker, papel que serve como uma luva para o sueco Michael Nyqvist (da saga original Os homens que não amavam as mulheres). A partir de uma montagem elaborada, com regulares idas e vindas no tempo, o espectador segue a Alice (agora, Emily VanCamp da série Revenge), já crescida e dona de severos dilemas.
O frescor desvia das normas, neste sondado mundo dos best-sellers, em que a autoajuda tende a imperar. Parte disso é discutido, na rotina da protagonista, em que pesam cartilhas de superação e de autodepreciação.
Com originalidade valorizada, Marya Cohn apresenta um notável roteiro de própria autoria. Em pacote bem contemporâneo de temas, ela consegue discutir sentimentos advindos da apropriação de intimidade, indução sexual e assédio descabido, além de desmascarar personalidades fraudulentas. Tudo com domínio narrativo e dose de sutileza.
Clique aqui e confira as sessões