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17/MAR/2024

'O filho eterno' retrata a história de um menino com síndrome de Down na década de 1980

Comparando a vida com o futebol, filme surpreende ao trazer Marcos Veras em papel dramático, mas derrapa no excesso de sentimentalismo

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Vinicius Nader Publicação:02/12/2016 06:45
É possível aprender a amar um filho? (Rosano Mauro Jr./Divulgação)
É possível aprender a amar um filho?
 
O cinema brasileiro costuma fugir de riscos. Por isso, O filho eterno já larga na frente de outros concorrentes nacionais. Levar o livro homônimo — sucesso de público e de crítica escrito por Cristóvão Tezza —  é um deles. Escalar o ator Marcos Veras para um papel extremamente dramático, com pouquíssimos toques de humor, é outro.

O diretor Paulo Machiline acerta nos dois. Veras dá conta do recado e surpreende ao viver Beto, escritor casado com Cláudia (Débora Falabella). No dia da eliminação do Brasil pela Itália na Copa do Mundo de 1982, o primeiro filho deles, Fabrício, nasce com síndrome de Down. A doença (lembre-se que estamos no início da década de 1980), é descoberta apenas após o parto, numa cena em que o médico decreta sem dó: “Seu filho tem mongolismo, é mongol”.
 
Confira as sessões do filme. 
 
As competições futebolísticas vão acompanhando O filho eterno até o fim, em 1994, ano do tetracampeonato nacional. Nesses 12 anos, Beto passa por várias fases, da negação à luta pelo tempo perdido, passando pelo luto e pela revolta.

Ele procura tratamentos alternativos e controversos para Fabrício (interpretado quase todo o filme por Pedro Vinicius), tem um caso extraconjugal em Florianópolis, amadurece e, principalmente, aprende a amar. A amar Fabrício e a se conhecer. Sem contar com muletas, como transformações físicas ou de figurino, Veras acompanha cada lance dessa partida com competência.

Embora o que dê a tônica do filme seja o relacionamento entre pai e filho, é forte a presença de Débora Falabella no longa. Vale notar que no livro Cláudia mal é citada. Com apenas um monólogo, Débora mostra a que veio.
 
 
 
O filho eterno entra em campo para emocionar e cumpre bem o papel, embora o roteiro em poucos momentos resvale para o emotivo demais, passe da conta e não se preocupe muito em despertar discussões sobre acessibilidade. É daqueles filmes que o combo pipoca/refrigerante pede a companhia do lenço de papel.
 
Como foi a escolha de Marcos Veras para interpretar Beto?
Podia optar por um ator sombrio, que levasse o drama ao pé da letra. Mas quis seguir um caminho mais solar. Esse pai fala algumas atrocidades por ingenuidade. Eu não poderia correr o risco de o público não gostar dele, não torcer por ele. Daí veio a indicação do Veras pela Débora Falabella, que já havia trabalhado com ele.

Ter uma criança no set já deve inspirar cuidados. Como foi gravar com o Pedro Vinicius?
Toda criança precisa de liberdade para criar de uma forma lúdica. Eu criava situações para que o Pedro entendesse por que estava fazendo aquilo em cena. Tinha que ter um poder de convencimento de que era ficção e que o Veras, em cena, era o Beto. Até que eles criaram códigos entre eles e deu certo.

No livro e no teatro, personagens como Cláudia e a amante de Beto não têm tanta importância. Por que você cresceu a participação delas?
O teatro permite a montagem de um monólogo interessante, como o encenado com beleza por Charles Fricks. Já no cinema preciso criar situações que aproximem o personagem do público. O fato de Beto ter família, por exemplo, faz com que o público se identifique com ele.

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