Carregado de excêntricidades, 'Capitão Fantástico' chega às telonas
O longa traz fortes críticas sociais e um Viggo Mortensen indicado ao Globo de ouro como melhor ator
Ricardo Daehn
Publicação:23/12/2016 06:35
Personagem de Viggo Mortensen expõe os filhos a situações no mínimo embaraçosas
Em tempos de super-heróis, é bom deixar bem claro que Capitão Fantástico, o filme assinado pelo ator e diretor Matt Ross, está longe de ser um épico de ação, com personagem saído dos quadrinhos. Catapultado para o sucesso pelo equivocado prêmio de direção na mostra paralela Um certo olhar do Festival de Cannes, o longa despertou interesse ainda maior pela indicação de Viggo Mortensen a melhor ator no Globo de Ouro.
Exotismo é o mínimo a se associar ao tema do longa: a criação de um sexteto de irmãos apartados de uma educação convencional, por esforço do pai, Ben Cash (Mortensen). O que joga muito contra a estrutura do filme é o fato de empreender uma aritmética nada surpreendente que parece insistir em assegurar um rótulo de independente.
Veja as sessões de Capitão Fantástico.
Pesa nisso provocar impacto, embutir uma série de músicas alternativas no desenvolvimento e apostar — ou seria se render? — elementos grudados no imaginário dos espectadores indies — do excesso de piadas a, claro, um enredo de road movie, passando pela sensação de integração dos personagens com a natureza.
Recheado de conceitos que projetam discussões de sistemas econômicos até o âmbito do socialismo defendido por Noam Chomsky, Capitão fantástico peca pela falta de sutileza em muitas das críticas sociais assentadas. É tão ralo o roteiro que um crítico mais peçonhento poderia sintetizá-lo como a jornada de um pai abusivo que degrada a educação familiar, sujeitando crianças a deformidades, antes de menosprezar a existência de uma mãe morta. Não seria, de todo, exagero. Mas, sim, há alguma redenção para Ben Cash, dado o esforço de Viggo Mortensen.