'Minha vida de Abobrinha' estreia com técnica de filmagem excelente
A animação foi pré-selecionado para concorrer à vaga de melhor filme estrangeiro pela Suíça
Ricardo Daehn
Publicação:17/02/2017 06:03
Produção era a candidata da Suíça ao Oscar de filme estrangeiro
Crítica Minha vida de Abobrinha 4 estrelas
Para além do caráter educativo da trama e de uma técnica invejável nas filmagens, a coprodução entre França e Suíça Minha vida de Abobrinha tem valores maiores: tem afinidade e é muito ajustada à linguagem do universo dos personagens explorados. Feita em stop-motion — “a meio caminho entre a animação propriamente dita e os filmes de protagonistas de carne e osso”, como já ressaltou o diretor do longa Claude Barra, a fita fala, sem excessos, de perdas e de bullying.
Concorrente ao Oscar de animação, ao lado de fitas com distribuidores gigantes como Moana e Zootopia, Minha vida de Abobrinha foi pré-selecionado pela Suíça para concorrer ainda à vaga de melhor filme estrangeiro. Nitidamente, um exagero, mas o que importa é a grandeza do filme que brota exatamente da simplicidade que resulta em encantamento.
Num universo que dialoga com Ponette, dono de múltiplos prêmios no Festival de Veneza, e com fitas como O lar das crianças peculiares, Sete minutos depois da meia-noite e O orfanato, Minha vida de Abobrinha se detém na vida de Icare, que prefere ser chamado de Abobrinha. Iluminado e com textura de imagens espetaculares, o longa baseado em escritos de Gilles Paris apresenta personagens disfuncionais como a sofrida Camille, o irritante Simon e o revoltado Ahmed, todos unidos por dores e ainda por cores vibrantes. Franco, o longa contém pérolas do universo infantil, como a dita pelo menino que simplifica o papel da mulher, ao definir sexo: “Ela transpira, transpira, transpira e concorda com tudo”.