'Um limite entre nós' exibe a luta pelo amor e contra o racismo
O filme explora a postura opressora assumida por um homem que foi impedido de viver seu sonho
Ricardo Daehn
Publicação:03/03/2017 06:01Atualização: 02/03/2017 18:00

Denzel Washington e Viola Davis esbanjam talento em filme saído de peça de teatro
Um retrato particular da massa trabalhadora da primeira década do pós-guerra define o foco de Um limite entre nós. Entrincheirado em casa, no que prevê como uma espécie de fortaleza com direito a cercas construídas no pátio, Troy (Denzel Washington) leva um cotidiano sólido, em que observa diferenças sociais inconcebíveis (ranço do choque entre brancos e negros), mas que não apequenam a perseverança dele.
Troy tem severas tarefas na vida: coleta lixo nas ruas, é bom provedor doméstico, aposta no bem-estar familiar, mas renega dose de amor, guardado para ocasiões especiais.
Um limite entre nós, baseado em texto teatral, não escamoteia a origem, mas isso não é incômodo, uma vez que apenas um cenário e situações limites, no cinema, já renderam obras-primas como Uma rua chamada pecado e A morte do caixeiro viajante, entre outros.
Pelo rigor com que desempenham seus papéis, o colossal Denzel Washington e Viola Davis (em estado de graça e premiada com o Oscar de melhor coadjuvante) não poderiam brilhar mais.
Passados os primeiros 15 minutos verborrágicos e irritantes, tudo vai para o lugar: sente-se a densidade de uma obra lastreada com conhecimento de causa e muita emoção, percebe-se a problemática de um homem esforçado ao preparar o filho mais novo para o mundo, mas, acima de tudo, notamos o quanto o cinema é meio único de conduzir uma narrativa — no caso, inscrita entre torrentes de amor e ressentimentos. O filme é um verdadeiro show!
Assista ao trailer do filme