Premiado 'Ferrugem' discute dependência e exposição em smartphones
O longa está entre os favoritos à chance de representar o Brasil no Oscar 2019
Vinicius Nader
Publicação:31/08/2018 06:00Atualização: 30/08/2018 18:29

'Ferrugem' chega ao circuito com três Kikitos na bagagem
Menos de uma semana depois de ganhar três troféus Kikito no Festival de Cinema de Gramado — de melhor filme, melhor desenho de som e melhor roteiro —, o drama Ferrugem chega ao circuito comercial neste fim de semana. Dirigido por Aly Murutiba, o longa ainda concorre à indicação do Ministério da Cultura para tentar uma vaga entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Ferrugem parte de uma premissa bem contemporânea: a adolescente Tati (Tiffanny Dopke) abusa das redes sociais, especialmente do Facebook e do Twitter. Ela venera os sites de relacionamento até que os usuários que ela julgava amigos se viram contra a menina.
Sem que ela queria, uma foto íntima dela cai no grupo dos colegas de colégio. E aí é aquela rede: um vai passando para outro, que passa para mais outros e por aí vai.
Sem que ela queria, uma foto íntima dela cai no grupo dos colegas de colégio. E aí é aquela rede: um vai passando para outro, que passa para mais outros e por aí vai.
Isso acontece quando Renet (Giovanni de Lorenzi), com o consentimento de Tati, mexe na galeria de fotos do celular da menina. De alguma forma, o telefone dela some e a deixa desesperada — Tati chega a dizer que perdeu um pedaço do corpo dela. Mas isso é fichinha até ela descobrir que quem achou o celular compartilhou o tal vídeo íntimo.
Assim é a primeira parte de Ferrugem: centrada em Tati e no sofrimento da garota. Numa espécie de segundo ato, a continuidade lança luz sobre Renet, cujo melhor amigo é o primo apelidado de Normal (Pedro Inoue). A relação dos dois é quase doentia, de tanta veneração: Renet não fala com a mãe e nem com a irmã e estabelece com Normal uma rotina misógina que inclui vídeos de sexo e exploração de fotos de mulheres.
Moderno na temática e no apuro técnico, Ferrugem traz uma discussão contemporânea sobre vícios, não se prendendo aos eletrônicos, já que tabagismo e alcoolismo também têm espaço.