'A vida de Diane' surge como cinebiografia estreante da semana
Sob produção executiva de Martin Scorsese, o longa faturou prêmios importantes com roteiro e fotografia
Ricardo Daehn
Publicação:10/05/2019 06:01Atualização: 09/05/2019 17:26
Diane passa boa parte do tempo cuidando dos outros
Se há gente que teima em atuar na vida, encenando tipo ou demarcando a preservação de ideais arraigados (sem transformação), a protagonista de A vida de Diane, longa que marca a premiada estreia do diretor Kent Jones na telona segue essa linha. Existe uma sombra que "murmura" na vida de Diane (a experiente Mary Kay Place, de O reencontro), e ela reage com um estranho escapismo: doa muito da existência para aqueles próximos, entre os quais os personagens de Deirdre O'Connell (intérprete de uma prima doente), de Jake Lacy (o problemático filho Brian) e de Estelle Parsons (atriz de 90 anos, lembrada por ótimos títulos sessentistas como Rachel, Rachel e Bonnie & Clyde).
Até a atordoante última cena, muita estrada será avançada. O enredo, grosso modo, aponta para sororidade e, em muito, lembra os dramas intimistas feitos no cinema americano dos anos de 1980. Não à toa, Mary Kay Place faz lembrar estrelas do período como Anjelica Huston e Diane Ladd.
Convivendo, com naturalidade, frente à morte de parentes idosos que sempre considerou, Diane, que age como cuidadora da felicidade alheia, deve tomar uma ação na vida, consideravelmente solitária e vazia.
Confira as sessões do filme.
Confira as sessões do filme.
Com um apuro visual centrado em luzes de outono e inverno (cortesia do diretor de fotografia Wyatt Garfield), o filme ainda conta com esmerada e delicada edição a cargo de Mike Selemon.
Sob produção executiva de Martin Scorsese, o longa faturou prêmios importantes no Festival de Tribeca (Nova York): filme, roteiro e fotografia. Revisões diárias, melhora na relação com o filho, embates com religião e libertação de certa posição servil prometem dar novo curso para A vida de Diane.