Especialista Ronaldo Rossi comenta sobre novos rótulos de cerveja
Rebeca Oliveira
Publicação:17/07/2015 06:10
As cervejas especiais estão cada vez mais bem aceitas pelo público. Mais conhecidas, elas também aparecem com mais frequência na taça do brasileiro. Ronaldo Rossi, especialista que fará evento na cidade em setembro, afirma que o consumidor de cervejas especiais não é o mesmo das cervejas populares e dá dicas de harmonização com os novos rótulos.
"É o cara que compra pela qualidade. É o mesmo consumidor de gastronomia, que tem uma relação direta entre qualidade e preço. Se você quer uma picanha maturada para o seu churrasco, ela será bem mais cara que um acém. É carne, da mesma forma, só que com sabor infinitamente melhor. Com as cervejas é da mesma forma", explica.
As cervejas populares nunca foram ruins, mas nunca foram diferentes. Eles não mudaram, nós que mudamos. O paladar evoluiu.
Qual o principal atrativo desses rótulos?
Eu sempre argumento: põe no copo e deixe esquentar, para ver se a cerveja popular será tão gostosa quanto é quando está gelada. A especial é.
E com a cerveja popular, o que acontece?
A cerveja popular entregou a vida inteira o que ela prometeu. Você nunca viu uma cerveja desse tipo dizendo que é saborosa, aromática.
Ainda há preconceito com o consumo de cerveja?
Certamente. Se você sai para almoçar com seu chefe, pede uma taça de vinho, mas jamais um copo de cerveja. É uma questão cultural. Na Alemanha, até esses dias, havia chopeiras no sótão de fábricas, no lugar de bebedouros.
Cerveja especial sempre vai ser um produto de nicho?
Acho que sim. E esse preconceito é um dos motivos. Vivemos um reflexo do mercado americano. A diferença principal é que eles têm um histórico de produção, baseado no que os ingleses e holandeses faziam, o que nós não temos. Fomos colonizados por povos bebedores de vinho.
As cervejas nacionais podem ser tão boas quanto as importadas?
Sim, pois reproduzimos o PH de qualquer lugar do mundo à base de estudos físico-químicos. Aliás, a cerveja sofre menos quando viaja menos. Ela é maltratada quando vai de um ponto para outro.
Existe uma fórmula ideal para harmonização?
O grande problema da harmonização é servir apenas duas coisas, uma cerveja e um petisco, por exemplo. É comum ver batata frita servida com cerveja bohemia, que é leve. Mas não tem nenhum elemento na batata, temperada apenas com sal, que combine com a cerveja. Sempre brinco que isso não é harmonizar, é servir junto.
O que seria harmonizar, então?
Harmonizar é quando você pega dois elementos que são muito bons em separado e que, juntos, são muito melhores. Gongonzola com belgian dark stronger ale, por exemplo. Por ter mais força de álcool e gordura residual, consegue equilibrar a picância e pungência do queijo. A gordura é limpa por causa do volume de álcool mais alto. Camembert, por sua vez, iria bem com uma trippel. Queijos predominantemente salgados, como o parmesão, iriam bem com cerveja mais refrescante ou que traga notas de café. E por aí vai.
Ronaldo Rossi: harmonizar é juntar dois elementos bons e torná-las ainda melhores
"É o cara que compra pela qualidade. É o mesmo consumidor de gastronomia, que tem uma relação direta entre qualidade e preço. Se você quer uma picanha maturada para o seu churrasco, ela será bem mais cara que um acém. É carne, da mesma forma, só que com sabor infinitamente melhor. Com as cervejas é da mesma forma", explica.
Saiba mais...
A produção de cervejas especiais cresce ano a ano, enquanto as industriais parecem ficar para trás. Por que isso acontece? As cervejas populares nunca foram ruins, mas nunca foram diferentes. Eles não mudaram, nós que mudamos. O paladar evoluiu.
Qual o principal atrativo desses rótulos?
Eu sempre argumento: põe no copo e deixe esquentar, para ver se a cerveja popular será tão gostosa quanto é quando está gelada. A especial é.
E com a cerveja popular, o que acontece?
A cerveja popular entregou a vida inteira o que ela prometeu. Você nunca viu uma cerveja desse tipo dizendo que é saborosa, aromática.
Ainda há preconceito com o consumo de cerveja?
Certamente. Se você sai para almoçar com seu chefe, pede uma taça de vinho, mas jamais um copo de cerveja. É uma questão cultural. Na Alemanha, até esses dias, havia chopeiras no sótão de fábricas, no lugar de bebedouros.
Cerveja especial sempre vai ser um produto de nicho?
Acho que sim. E esse preconceito é um dos motivos. Vivemos um reflexo do mercado americano. A diferença principal é que eles têm um histórico de produção, baseado no que os ingleses e holandeses faziam, o que nós não temos. Fomos colonizados por povos bebedores de vinho.
As cervejas nacionais podem ser tão boas quanto as importadas?
Sim, pois reproduzimos o PH de qualquer lugar do mundo à base de estudos físico-químicos. Aliás, a cerveja sofre menos quando viaja menos. Ela é maltratada quando vai de um ponto para outro.
Existe uma fórmula ideal para harmonização?
O grande problema da harmonização é servir apenas duas coisas, uma cerveja e um petisco, por exemplo. É comum ver batata frita servida com cerveja bohemia, que é leve. Mas não tem nenhum elemento na batata, temperada apenas com sal, que combine com a cerveja. Sempre brinco que isso não é harmonizar, é servir junto.
O que seria harmonizar, então?
Harmonizar é quando você pega dois elementos que são muito bons em separado e que, juntos, são muito melhores. Gongonzola com belgian dark stronger ale, por exemplo. Por ter mais força de álcool e gordura residual, consegue equilibrar a picância e pungência do queijo. A gordura é limpa por causa do volume de álcool mais alto. Camembert, por sua vez, iria bem com uma trippel. Queijos predominantemente salgados, como o parmesão, iriam bem com cerveja mais refrescante ou que traga notas de café. E por aí vai.