Restaurantes no Distrito Federal apresentam menus rechedos de opções com frutos do mar
Mariscos, lulas e polvos... As delícias marinhas marcam presença na mesa brasiliense
Com um litoral de mais de 7 mil quilômetros, seria difícil que a cultura gastronômica do nosso país não se tornasse marcada pela presença de frutos do mar. Os ingredientes de origem marinha se tornaram parte fundamental, e deliciosa, da gastronomia nacional. Pratos como bobó de camarão, moqueca e casquinha de siri trazem para a mesa do brasileiro a força da cultura costeira. O litoral canarinho não é o único que se apropria dessa biodiversidade: a gastronomia mundial também se apropriou desses ingredientes sinônimos de versatilidade.
“Apesar de ter um litoral muito menor que o brasileiro, a Espanha tem uma atividade pesqueira mais intensa em maior variedade de frutos do mar. Por isso, esse ingrediente é tão fundamental na gastronomia espanhola”, explica Simone Garcia, do restaurante espanhol Jamón Jamón.
Brasília, mesmo longe do mar, abriga casas onde é possível encontrar diversas receitas com camarões, lagostas, polvos e lulas. Alguns pratos unem sabores distintos, caso da mariscada servida no restaurante O Rei do Camarão. “Colocamos camarões, lula, polvo e mexilhões na mariscada. Cada um tem seu tempo de preparo e um sabor. Buscamos harmonizá-los na receita para o resultado ser um sabor marcante e delicioso”, explica a proprietária da casa, Cristiane Cardoso de Oliveira.
Entre tantas opções, saber a procedência dos frutos do mar é fator de extrema importância para a garantia de sabor. “Questões como a temperatura da água e profundidade da pesca são elementos que ajudam a identificar uma maior qualidade”, ressalta o chef Carlos Henrique Pinheiro dos Santos, do Restaurante Nosso Mar.
Cada um no seu tempo
No restaurante O rei do camarão, aberto há 9 anos e especializado em receitas regionais com frutos do mar, a mariscada (R$ 94,90) leva camarão, lula, polvo e mexilhões, além de tomate, pimentões e leite de coco que formam o molho e serve três pessoas. “Buscamos colocar os frutos do mar em quantidades que deixem o preparo saboroso, usamos menos mexilhões, por exemplo, devido ao sabor forte do ingrediente”, explica a proprietária, Cristiane Oliveira.
Segundo ela, usam-se apenas camarões rosas, também conhecidos como camarões selvagens, pescados em alto-mar: “Não usamos os animais de criatório”, garante.
Outro diferencial destacado pela proprietária é o tempo de cozimento de cada fruto do mar.
“Cozinhamos os ingredientes separadamente. Juntamos o molho apenas no fim. Assim, todas as carnes são servidas al dente, elevando a qualidade da receita”, ressalta.
Para quem vai apostar no camarão, o bobó (R$ 82,50) é uma das alternativas. “Nosso bobó segue a receita baiana. São camarões puxados no azeite com cebola e alho ao creme de mandioca, com azeite de dendê e leite de coco”, detalha.
bufê
Sexta-feira é dia de mariscada no bufê de almoço da casa (R$ 59,90 — o quilo). À noite, o rodízio de frutos do mar é o forte do local. O cliente pode comer à vontade por R$ 65,90.
Autêntico peruano
Depois de realizar eventos para diplomatas e embaixadas, o peruano Dandy Abadie, ao lado da esposa Bertha, Atoche, inaugurou o restaurante El Point Peruano, dedicado à cozinha clássica do país andino. Das panelas coordenadas pelos chefs Anthony Arteaga e Miguel Pacheco (ambos com passagem pelos restaurantes do estrelado chef peruano Gastón Acurio) saem pratos consagrados como o ceviche misto de frutos do mar (R$ 50), preparado com peixe branco, lula, mexilhões e camarões e o arroz chaufa (R$ 50), resultado da mistura dos mesmos frutos do mar com caldo de peixe, arroz e molho shoyu salteados na panela wok, resultado da influência nipônica no país.
“No início tivemos receio em colocá-lo no cardápio, mas hoje esse prato é o segundo mais vendido na casa”, ressalta Abadie, que nasceu na região litorânea de Piura. Os frutos do mar presentes na maioria dos pratos do menu chegam do Pará por avião duas vezes por semana.
Entre as opções de entradas do restaurante figuram o coctail de langostino (R$ 30), lagostins salteados no pisco servido com cubos de abacate em molho rosé e o polvo al olivo (R$ 45); polvo cozido servido com molho de azeitonas e torradas.
Segundo Abadie, o frescor e a qualidade dos ingredientes são fatores fundamentais da boa cozinha peruana: “Nós nos preocupamos em ter os frutos do mar mais frescos possível. Eles são a alma dos pratos da cozinha andina.”
Boemia litorânea
Reduto de artistas brasilienses da MPB, a história do restaurante Nosso Mar começou com o encontro de amigos no extinto bar Caranguejo, que funcionava na 115 Norte. “Fui tomar uma cerveja com meu amigo de república e vimos que não existiam muitas opções de bares por aqui. Foi aí que nasceu o Nosso Bar, que meses depois foi rebatizado de Nosso Mar”, conta o proprietário Carlos Henrique Pinheiro.
O caranguejo, chega em duas formas simples e saborosas: à moda cearense (R$ 14,20), feito com leite de coco, cebola, tomate e pimentão; e o simples (R$ 13,20), fervido em água, sal e cebolinha e escoltado por farofa e molho vinagrete.
“O preparo é bem simples, mas é preciso estar atento a alguns detalhes. Ele deve ser preparado ainda vivo. Caso contrário, libera uma toxina que escurece e enrijece a carne”, ensina o proprietário do restaurante, que trabalhou na Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), órgão federal extinto na década de 1980. A experiência fez com que ele ampliasse a rede de contatos de fornecedores.
“Tenho amigos em várias partes do país que trabalham na área de pesca. O caranguejo vem de Parnaíba, no Piauí, e de Tutoia, no Maranhão”, esclarece. Um dos problemas do crustáceo é a fragilidade durante o transporte. “Cerca de 40% do caranguejo morrem durante a viagem e após o armazenamento no tanque. Por isso o preço fica mais alto do que o do litoral”, afirma Carlos Henrique.
Tendência marinha na chapa
O outro nome dado ao mamífero peixe-boi, o Manatí batiza o restaurante com cardápio extenso de ingredientes do litoral. Receitas variadas elaboradas sob a supervisão da chef Kelly Moreira têm os peixes e os frutos do mar como vedetes.
Caso dos frutos do mar na chapa (R$ 119), que combina camarão, lula, mexilhão e salmão grelhado na manteiga da terra com tomate-cereja, pimentões brócolis e abacaxi; e o chiclete de camarão (R$ 93), camarões refogados regados por molho de tomate e porções de queijos muçarela, emmental e catupiry fundidos.
“Como os frutos do mar têm fibras sensíveis, eles endurecem facilmente. É preciso salteá-los rapidamente e temperá-los com pouco sal, já que têm um alto teor de sódio”, ensina.
“As pessoas estão em busca de uma alimentação mais balanceada. Por isso substituem com mais frequência a carne vermelha por essas opções”, ressalta a chef.
Lagosta cítrica
A lagosta é um ingrediente nobre, seja pelo preço da matéria-prima, seja pela receita. No Coco Bambu, o fruto do mar aparece em algumas versões.
O destaque vai para a lagosta Coco Bambu (R$ 209), duas lagostas inteiras assadas guarnecidas de risoto de limão siciliano e batatas rústicas. A manteiga com ervas da casa dá o toque final ao tempero.
“A lagosta é uma carne que precisa ser feita do modo correto, senão ela fica borrachuda”, explica Beto Pinheiro, sócio da casa.
Alternativas não faltam aos clientes que buscam camarão no cardápio. O mais pedido entre os pratos elaborados com o crustáceo é o camarão internacional (R$ 127), servido com o arroz cremoso com ervilha e presunto coberto em molho branco.
Lembranças da infância
O contato da empresária Simone Garcia com frutos do mar vem desde criança: natural de Itajaí (SC), ela acordava ao lado do avô para ver os barcos pesqueiros chegarem à orla.
O cardápio enxuto oferece variedades mais difundidas da icônica paella: à marinera (R$ 130); que leva lagostim, camarão, robalo e lula em caldo de peixe preparado na casa, sempre servida às sextas e aos sábados na hora do almoço e o fideuá (R$ 120), massa tostada em azeite de oliva e cozida em caldo de frutos do mar.
Entre os aperitivos espanhóis, os frutos do mar estão presentes no calamares al vino blanco (R$ 35): lulas com cebola caramelizada ao vinho branco e no calamares a la plancha (R$ 27); lulas salteadas em alho e salsinha. Os frutos do mar vêm de cidades como Armação e Itajaí.
Petisco elaborado
Criativa e dinâmica, a responsável pelo cardápio no Sarará Bar e Petiscaria, Wladia Fragão, aposta em uma mistura de receitas. Ela serve a tradicional moqueca de camarão de uma forma inusitada, recheando um purê de batata. A batata Sarará Marujo custa R$ 15,99, se o cliente preferir, o preparo pode ser feito com outros recheios, como bacalhau, na Galo do porto, que sai por R$ 15,90. “Deixo o prato bem cremoso para ele não escorrer. Depois, faço a cama com o purê, coloco os camarões e fecho com mais purê. Levo o preparo ao fogo, onde fica por alguns minutos”, descreve a cozinheira.
O recheio é de camarão, palmito, muçarela, tomate, azeitona, queijo minas, catupiry e alho frito. Já o purê, é temperado com creme de leite e sal. “O camarão tem um sabor forte, e o purê de batata é suave. Fica balanceado. Esse é um dos petiscos mais pedidos pelos clientes”, afirma Francisco Dias Júnior, proprietário do local.
Outra pedida é o camarão empanado com molho de alho (R$ 22,99). “A receita é simples: basta envolver o camarão na massa de empanar e colocá-lo no óleo quente. É rápido e, com o molho de alho, ganha um toque especial”, finaliza.
Aniversário
Na última quarta-feira, o Sarará completou um ano. Para comemorar, amanhã, a casa será animada por uma banda de pop rock acompanhada de percussão e saxofone, além de feijoada
À vontade, por R$ 25,99.
Camarões criativos
O nome do restaurante Recanto do camarão já entrega: o forte é o frito do mar. Entre as muitas opções que o cardápio disponibiliza para os comensais, a sugestão fica com o camarão caipira (R$ 42,90).
“É um camarão, com queijo coalho, envolto em bacon, preso por um palito e frito”, detalha o gerente da casa, Wanir Salermo Júnior.
A combinação vem frita, com o queijo coalho derretido por dentro e crocante por fora. “Colocamos a receita por pouco tempo para fritar. O óleo deve estar bem quente, e o espetinho fica imerso por cerca de um minuto”, explica.
No camarão tropical (R$ 54,90), a proteína é empanada em coco ralado para acompanhar um chutney de manga. “O coco e o molho dão um toque agridoce. O camarão aceita muito bem esse contraste”, pontua o gerente. Outra pedida é o risoto de camarão, rúcula e tomate seco (R$ 96,90).
Leves e saudáveis
No limonada salad & fish, a pegada puxa para o lado saudável e é um estímulo para quem não quer sair da dieta, mas deseja comer bem. “Fazemos as coisas com azeite; é tudo bem leve e fresco”, explica a proprietária, Milene Amorim.
Entre as alternativas ela sugere a salada Noronha (R$ 28,90), mix de folhas, camarão, maçã, castanha de caju, queijo parmesão, tomate e molho à base de limão. “A salada é refrescante e crocante, além de ter o toque cítrico do molho”, detalha Milene.
A casa trabalha também com alternativas para o almoço: o bufê a quilo (R$ 49,90, de segunda a sexta, e R$ 54,90, sábado e domingo), ou uma das alternativas do menu executivo. “Temos um bufê bem servido, com várias alternativas de saladas, além de cerca de quatro proteínas por dia e o purê de batata-doce, um dos favoritos dos clientes”, afirma Milene.
ONDE COMER
Coco Bambu
(SCES, Tr. 2 Conj. 36, Ícone Parque;
3224-5585) Aberto de segunda a quarta, das 11h30 à 0h; quinta, das 11h30 à 1h; sexta e sábado, das 11h30 às 2h; domingo, das 11h30 à 0h.
El Point Peruano
(SHIS QI 11, Bl. O, lj. 22, Deck Brasil Sul; 3248-0197), aberto de segunda a quinta, das 11h30 às 23h, sexta e sábado, das 11h30 à 0h, domingo, das 11h30 às 16h.
Jamón Jamón
(109 Norte, Bl. D, lj.51; 3032-2595), aberto de terça a sexta, das 18h à 0h, sábado, das 12h às 15h e 18h à 0h.
Limonada Salad & Fish
(Av. Araucárias, lt. 1325, lj 6; 3382-0083) Aberto diariamente, das 8h à 0h.
Manatí
(Rua 37 Sul, ljs. 17/19, Águas Claras;
3546-0150), aberto de segunda a quinta, das 11h30 à 0h, sexta e sábado, das 11h30 à 1h, domingo, das 11h30 à 0h.
Nosso Mar
(115 Norte, Bl. B lj.3; 3349-6556), aberto de terça a domingo, das 11h à 0h30.
Recanto do Camarão
(CNA 3, lt. 13, ljs. 1 e 2; 3563-1083) Aberto de segunda a quinta, das 11h30 à 0h; sexta e sábado, das 11h30 à 1h; e domingo, das 11h30 às 17h.
O Rei do Camarão
(Epct, Qs. 3, lt. 11, lj. 12A; 3562-0109) Aberto de terça a sábado, das 11h30 às 15h, e das 18h às 23h30; e domingo,
das 11h30 às 15h.
Sarará Bar e Petiscaria
(Área especial 1, Praça 1, lj. 11A, Cine Itapoã; 8607-8428) Aberto de terça a domingo, das 17h à 1h.