Mercado de cervejas especiais cresce no país
Diferentemente das cervejas industriais, as cervejas artesanais são mais encorpadas e podem chegar a ter 15% de álcool na composição
Embora representem apenas 5% do mercado de cervejas nacionais, nas contas da Associação Brasileira da Indústria de Cerveja, as brejas especiais comprovaram o potencial para abocanhar um público cada vez maior. Com crescimento médio de 30% ao ano, o setor não para de evoluir, mesmo navegando nas turvas águas da crise que freia a economia do país. “A procura está alta e as pessoas já vão a bares, inclusive locais que não trabalham com cervejas especiais, pedindo por esse tipo de produto. Mesmo com a situação econômica difícil, elas estão em voga”, defende Gil Lebre, sommelier do Empório Colonial, no Rio de Janeiro, considerado um dos melhores especialistas do setor no Brasil (é dele o título do 2° Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cerveja, realizado em São Paulo).
Quem dá um gole em uma cerveja especial dificilmente consegue apreciar as do tipo comum, feitas em larga escala, com o mesmo apreço. Isso porque as geladas do tipo premium são feitas com puro malte, que confere aroma e sabor infinitamente mais pronunciados. Perfumadas, saborosas e passíveis de diferentes combinações à mesa, as cervejas especiais encontram no preço um empecilho que pode afastá-la do consumo de massa, principalmente em uma época em que tudo que é considerado supérfluo é rapidamente eliminado da lista de compras. Em entrevista ao Divirta-se Mais, Gil Lebre propôs quatro formas de economizar sem abandonar as brejas premium.
Beba menos, beba melhor
Diferentemente das cervejas industriais, que geralmente são mais leves e com teor alcoólico na casa dos 5%, as cervejas artesanais são mais encorpadas e podem chegar a ter 15% de álcool na composição. Não é a toa que o lema de quem as consome é “Beba menos, beba melhor”. “Há o consumo em quantidade, quando a pessoa bebe várias cervejas em uma saída, por exemplo, e o consumo mais consciente, responsável. Por ser um produto diferenciado, não é preciso beber cervejas especiais em maiores quantidades para se satisfazer. E isso acaba gerando uma economia. Pode-se diminuir esse número de garrafas optando por produtos melhores”, avalia Gil.
Made in Brazil
Com o dólar lá em cima, os rótulos nacionais aparecem com preços mais convidativos. Exatamente por isso, são preteridos em grande parte dos pontos de venda. São brejas que não sofrem com transporte e interferências de clima. “Muitas cervejas importadas sofrem com as intempéries da natureza, e, quando vão para a prateleira não estão mais frescas, estão oxidadas”, afirma o especialista. “Ela ainda é mais cara porque custa mais para ser produzida, são matérias-primas nobres, e esse custo é repassado para o cliente, que infelizmente ‘paga o pato’ da alta carga tributária”, explica.
Compre do pequeno
Gil Lebre costuma dizer que a melhor cerveja é aquela feita onde se consegue enxergar a ponta da chaminé da fábrica. “Aquela que está praticamente caindo no seu colo”, brinca. Diferentemente do vinho, a cerveja não fica melhor com o tempo. Quanto mais fresca, melhor. E isso, além de interferir no sabor, pode tornar o custo-benefício atraente. “É importante apoiar a cervejaria e o produtor do bairro. Com o aumento da procura, ele pode diminuir o custo da produção”, elucida o sommelier. “Além do mais, eles tornam-se um atrativo turístico e geram emprego, mão-de-obra. É um mercado que também ajuda a fomentar a gastronomia, porque cerveja artesanal é algo gourmet, acrescenta.
No garrafão
Cresce em Brasília a quantidade de bares que servem a cerveja na forma mais pura, direto das torneiras, com pressão, deixando-a leve e palatável como um chope. Lugares como o Corina Cervejas Artesanais, o Empório Soares e Souza, o I Love Beer – Tap House, o Mercadinho Lobão e o London Street Pub oferecem a possibilidade de o freguês comprar a bebida e tomar em casa, com descontos de 10% a 50%. Nesse caso, utiliza-se um utensílio chamado growler (garrafões de pet, vidro e inox), que tem capacidade para até 5l e armazena a bebida sem que ela perca as características. “É uma forma bacana de economizar. Tem uma semana, no máximo, para consumi-la, sabendo que, com o passar dos dias, ela perde muito do frescor”, ensina Gil.