Conheça Eraldo José Bezerra, o querido garçom do La Chaumière
Apesar de parecer fácil, o ofício de garçom dá trabalho e precisa de vocação
Ser garçom está longe de ser um trabalho fácil. Horas em pé, buscando a satisfação dos clientes em um momento tão especial, como é a hora de comer, não é para todos. Mas, tal qual tantas outras carreiras, ser garçom está no sangue. É mais que um simples emprego: é uma vocação — que pode trazer alegria, tanto para quem serve quanto para quem come.
Entre os nomes que evocam carinho e garantia de um bom serviço na cidade, Eraldo José Bezerra Xavier é um a se exaltar. No La Chaumière desde 1991, ele é sobrinho do querido Severino Xavier, ou Severã, como os clientes o batizaram. Assim como o tio, que transborda simpatia, o sobrinho segue os passos e já ostenta o próprio apelido dado pela clientela: Eraldão.
“Cheguei a Brasília no final de 1982. Vim para passear, mas acabei ficando”, revive Eraldo. Segundo ele, antes de se enveredar pela arte de servir, ele passou por outra área nada parecida. “Cheguei a trabalhar como bancário. Primeiro quatro anos em um, depois mais dois em outro. Foi em 1991 que meu tio me convidou para ser garçom no La Chaumière. Resolvemos testar e acabei ficando até hoje”, relembra.
Assumindo a vocação
Após assumir o posto de garçom do La Chaumière, Eraldo começou a aprender a arte de tratar com a clientela. “No começo, foi difícil. Não é qualquer um que sabe ser garçom, mas graças a Deus peguei o jeito. Atualmente, até onde eu sei, só recebo elogios”, comemora. Para ele, entre tantos segredos, o posicionamento preciso é um dos pontos fortes. Eraldo se posiciona no centro do pequeno salão, ao lado da porta para a cozinha, próximo à entrada e saída. “Você tem que saber como abordar o cliente. Eu tento me antecipar para a experiência ser bem confortável, porém é preciso saber o timing”, pontua.
De geração para geração
A casa já chegou à quarta geração. Eraldo faz parte da terceira. “Passo mais tempo aqui que na minha casa. Conheço os clientes pelo nome”, relata e complementa: “Converso com ex-presidentes, senadores, personalidades de igual para igual”. Entre histórias e aventuras, o garçom se orgulha do relacionamento que os anos de convívio com a clientela proporcionam: “Já fui reconhecido por clientes de fora de Brasília. Também recebi clientes de outros locais que vieram à casa por ouvir falar de mim!”. Eraldo relembra a história de um neto que foi presenteado pelo avô, tudo com a participação do garçom. “Eu me lembro que o avô dele me ligou. Avisou que o neto jantaria com a namorada na casa e me pediu para não cobrá-lo, que depois ele acertaria o valor”. Quando o casal chegou à casa, o garçom discretamente informou o jovem do presente. “Lembro-me como o menino ficou mais relaxado. Foi uma ótima noite para ele e eu e o avô pudemos ajudar”.
Garçom, aqui, nessa mesa de bar...
Já uma história não tão feliz, Eraldo recorda-se de um cliente que chegou à casa e logo pediu seu prato e o da moça que o encontraria. Porém, a companhia nunca chegou e “o homem levou um bolo”. Segundo ele, o rapaz, chateado, contou o que ocorreu e até chegou a pedir para Eraldo se juntar à mesa com ele. “Infelizmente, não me sentei. É uma regra, nunca me sento à mesa do cliente”, afirma o profissional. “Acabei ganhando a refeição da moça”, conta.
Novos gourmets
Partindo para a quarta geração de clientes no La Chaumière, Eraldão já destaca uma jovem gourmet. “Tenho uma pequena cliente, com cerca de 10 anos, que até pede pelo prato dela! Segundo a menina, esse é o restaurante favorito dela”, complementa. Ele ainda relembra que recentemente soube do casamento de um cliente que viu quando criança. “Tinha um menino, sempre vinha com os pais. Dormia no sofá quando ficava tarde. Após muito tempo sem aparecer, perguntei para o pai por onde andava. Não só ele estava em outro estado, mas prestes a casar”, recorda.
Dicas para ser um bom garçom
Com 27 anos de experiência, Eraldão ensina um pouco para quem vai começar e busca excelência na área:
l Prestar atenção ao cliente;
l Saber a hora de chegar à mesa, nunca interromper a conversa;
l Ser educado e simpático;
l Gostar do que faz;
l Conhecer a casa, tanto fisicamente quanto o que é oferecido para os clientes.