Conheça Maria de Fátima Hamú, destaque da cozinha árabe em Brasília
A chef do Lagash Mediterranée é um modelo a ser seguido
Entre as sumidades da cozinha árabe na capital, um nome se destaca, vindo aqui do lado, de Formosa. Maria de Fátima Hamú é um exemplo de vitória e, até hoje ativa, é um modelo a ser seguido para chefs de todos os cantos. Nascida em 28 de setembro de 1948, Fátima veio para à capital com a família, em 1964.
De família síria e libanesa, a comida não foi a primeira empreitada da chef. Fátima se formou em direito e foi trabalhar na Procuradoria do Governo do Distrito Federal. "Eu trabalhava durante o dia no governo e depois ia para o Lagash. Minha mãe passou três anos na casa antes de adoecer e falecer, em 1994. Foi aí que tive que assumir o negócio. Larguei o emprego e passei a me dedicar integralmente ao Lagash", relembra a chef.
A casa, aberta em 1987 na 308 Norte, foi idealizada para ser uma confeitaria: "Minha mãe fazia bolos de casamento, mas faltando 15 dias, sugeri abrirmos um restaurante e assim surgiu o Lagash. Na época, era uma das poucas casas de gastronomia árabe na cidade", relembra a chef. Não demorou para a casa cair nas graças dos brasilienses. Quando abri, não fizemos promoção, nem coloquei no jornal. Fomos indicados no boca a boca. Um dia, começaram a aparecer deputados, ministros do supremo, senadores... Abri com seis mesas e cheguei a ter 18", conta.
Mãe batalhadora
Maria de Fátima Hamú se divorciou logo cedo. "Criei meus filhos sozinha. Quando me separei, o mais velho tinha 5 anos e ainda tinha outros dois mais novos para cuidar", ressalta a chef. "Havia dias em que ia ao hospital para tirar o gesso de um dos meninos pela manhã e levava outro para engessar à tarde", relembra. Mas ela não tem arrependimento algum. "Eles me ajudaram no restaurante depois que minha mãe morreu e também foram muito presentes com meu pai", relembra.
Chef mulher
Para Fátima, era marcante a falta de mulheres chefiando restaurantes quando inaugurou o Lagash. "Não havia quase nenhuma. Às vezes, tínhamos casais, mas a mulher sozinha, não", destaca. Segundo ela, desde o início, trabalha com mulheres e conta com a mesma cozinheira há 26 anos.
O adeus
"Até hoje as pessoas me perguntam porque eu fechei o restaurante. Acho que acertei a hora de a casa fechar", conta. A decisão veio após a morte do pai, Alberto Hamú. "Ele me ajudava muito. Ficava na casa pela manhã, garantia a qualidade de tudo que saía da cozinha, apesar de não cozinhar", conta saudosa. Em 2013, Alberto faleceu e a irmã de Fátima, Mariangela Hamú, sugeriu que a casa fechasse. Não demorou: "No dia 1º pedi para todos os funcionários virem e avisei que a partir dali a casa estava fechada. Faltavam alguns dias para completarmos 27 anos".
Mas, para quem acha que ela se arrepende de fechar o Lagash e reabrir na forma de um empório pequeno, com um balcão e pouquíssimas mesas, se engana. "Para mim, estou no paraíso. Venho às 10h, abro a casa, fico até umas 15h e vou para casa. Meu cunhado me ajuda e fecha a loja para mim", explica. Ela garante — e os clientes atestam — que conseguiu manter a qualidade dos produtos oferecidos. "Isso aqui é meu nome", finaliza orgulhosa.
Serviço
Lagash Mediterranée
(112 Norte, Bl. S, lj 6; 3273-0098), aberto de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 15h.