Brasília-DF,
25/ABR/2024

Entrevista com os integrantes do Setebelos, Lucas Moll, Daniel Villas Bôas e Daniel Lima

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Publicação:12/07/2013 06:21Atualização:11/07/2013 16:44
Há quanto tempo estão preparando o espetáculo Viajantes do tempo – a história como ela não é?

Lucas Moll: Este texto está sendo trabalhado há seis meses. Desde a ideia ao fechamento do espetáculo. É uma superprodução, estamos trabalhando com alguns artistas de Brasília. Temos personagens dinâmicos, são vários tempos diferentes: o período feudal, o descobrimento do Brasil, o velho Oeste americano, o futuro (que é o nosso presente), e a Grécia Antiga, mais precisamente em Esparta. É uma história de perseguição de uma agência fictícia, a Agência Brasileira de Viagens no Tempo. Está muito bacana.

Como seria o descobrimento do Brasil na versão dos Setebelos?

Lucas Moll: É um dos pontos altos do espetáculo. Tivemos um excesso de ideias. É nosso oitavo espetáculo em oito anos, e juntamos tudo em uma peça só. Falamos sobre como e quando o Brasil for descoberto. Brincamos que ele foi descoberto em 1487, alguns anos antes. Os portugueses ficaram três anos no Brasil antes de contar para Portugal o que tinham descoberto. Estavam curtindo a semana do saco cheio e ficaram por aqui. Essa é só uma parte da comédia…

Se pudesse viajar no tempo, para qual momento se transportaria na história da companhia?

Daniel Villas Bôas: O momento mágico foi quando fizemos o primeiro espetáculo. Começamos a criá-lo com muita antecedência. Já tínhamos as piadas prontas e decoradas. Ensaiamos muito e ficamos com medo de elas não terem a mesma força para o público. Ficamos pensando se ia ser mesmo divertido. E, quando estreamos, na primeira apresentação, a plateia gargalhou e aplaudiu. Isso me arrepiou… O filho tinha nascido, tudo estava dando certo. Esse foi um momento emocionante para a gente. Eu estava no palco, e tinha gente na coxia que encheu o olho d’água.

Nas apresentações, vocês são seis atores. Quem é o sétimo elemento que dá nome ao grupo?

Daniel Villas Bôas:
Tínhamos sete integrantes e um deles saiu. Hoje somos seis atores e uma equipe gigante nos bastidores. É como uma empresa, com muitos funcionários, somos mais que sete. A Setebelos começou como um hobby e fazíamos por prazer. Mas, quando vimos que dava para viver disso, e era o que amávamos fazer, virou a nossa prioridade. Temos horários de trabalho e de criação. Lapidamos os espetáculos e vivemos como uma empresa de entretenimento.

Vocês se apresentam em teatros e em espaços gastronômicos. As peças se adaptam aos palcos ou seguem o mesmo roteiro?

Lucas Moll: São trabalhos completamente diferentes. Quando nos apresentamos em espaços gastronômicos, é apenas stand-up. Às vezes, apresentamos algumas esquetes, mas apenas se for algo contextualizado, como no caso da política. Só fizemos uma vez no Bar do Ferreira, isso não é corriqueiro.

Como é o processo criativo do grupo?


Daniel Villas Bôas: O grupo tem um processo de criação coletiva. É um momento livre, todo mundo pode falar o que quer. Há quem conte piadas ruins e morremos de rir. Mesmo assim, elas são bem-vindas: de uma piada ruim pode surgir uma maravilhosa! Esse processo é muito livre e tem a participação de todo mundo. Anotamos tudo e essa peça tem o dedo de todos os integrantes. Desde o nascimento, ele tem a cara do grupo. Durante os ensaios também, todo mundo dá o seu pitaco, do figurino ao som. Para realmente a peça ficar da maneira que a gente gosta.

Há muito improviso ou o espetáculo seguirá um script?

Daniel Lima: O improviso cabe na estreia, principalmente porque as piadas nunca foram testadas. Fomos aprendendo a lidar com isso com o tempo. Às vezes, uma cena despretensiosa faz o público morrer de rir. Se tiver uma cena com o Leônidas de Esparta dando um chilique em um desfile de roupas, não sabemos se isso será engraçado. Por ser estreia, o improviso deve acontecer bastante, muita coisa ainda não está programada.

Dizem que a televisão do futuro é a internet. No caso do teatro, ela ajuda ou atrapalha?

Daniel Lima: Só ajuda. As pessoas nos conhecem e têm acesso à informação. Aqui em Brasília há muita gente que diz que não vai ao teatro porque não vê divulgação. Mas tudo converge para a internet. Facebook, YouTube e sites culturais são grandes aliados da Setebelos.

Algumas companhias da cidade, como a Melhores do Mundo, têm uma queda a falar de política e sociedade. Nesta peça, vocês se divertem com o jeitinho brasileiro ou dão uma alfinetada nele?

Daniel Lima: A nossa critica é a brincadeira. É a nossa maneira de nos comunicar. Não podemos ignorar o que acontece. Neste momento, está tudo tão vivo e constante… O jeitinho tem sido visto como algo não muito bom. Tentamos sempre fazer uma contextualização política, musical, noticiosa, e com o futebol, porque é o que para o dia a dia das pessoas. Sempre atualizamos os espetáculos. Por mais que eles tenham príncipio, meio e fim, todos os dias nós o alteramos. E dentro disso, costumamos fazer crítica política.

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