Brasília-DF,
25/ABR/2024

Confira entrevistas com Marcus Barozzi e Similão Araújo, da peça Prestidigitador

Eles falaram sobre o monólogo, que estreia neste sábado no Teatro do Brasil 21

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Publicação:19/07/2013 06:00
O ator Similião Araújo comanda o monólogo (Divulgação)
O ator Similião Araújo comanda o monólogo

Entrevista com Marcus Barozzi

De onde surgiu a ideia de montar a peça baseada em um texto de Nicolás Vergara Grey?

Marcus Barozzi: O espetáculo surgiu de uma necessidade do ator, que é produtor, junto a mim, de falar sobre esse sentimento tão complicado que é o amor. O espetáculo gira em torno disso: o amor correspondido e não correspondido. Nós dois, eu e Similião Aurélio, estávamos passando por essa fase. Conversamos com amigos que viraram nossos parceiros nesse trabalho, como o Alexandre Ribondi, Adriana Nunes, Rogério Midlej e a Gabrielle Lopez. O que nos deixou mais impressionados é que o espetáculo fica pessoal para quem o vê. Todo mundo já teve uma desilusão amorosa, todos já sofremos por amor.

Apesar de ter vasta experiência com figurinos, você é conhecido por seu trabalho voltado para a moda. Como foi essa transição para a direção de arte?

Marcus Barozzi: Comecei a minha carreira como ator, aos 13 anos de idade. Me iniciei no teatro bem jovem. O figurino, o cenário e a iluminação sempre me chamaram muita atenção. Até que recebi um convite para um trabalho de moda e acabei de apaixonando. Mas nunca deixei de trabalhar nas duas áreas, sempre atuei nos dois lados.

O que te levou para trás dos palcos?

Marcus Barozzi: Eu me expressava melhor assim. A arte como um todo é o elemento que faz o personagem aparecer mais. O figurino, a luz e a maquiagem amplificam a persona e o personagem. Por sua vez, aumentam o entendimento do espectador. Isso me encantou no figurino. É como esconder ou velar uma pessoa por meio do jeito que ela se veste.

Qual a diferença entre o mercado da moda e das artes cênicas em Brasília?

Marcus Barozzi: Eles ainda andam muito separadas. Temos poucos momentos na moda e no teatro em que os dois se falam. Agora é que temos essa ligação muito forte. Acredito que a moda bebe mais do teatro do que o inverso. Aqui em Brasília, isso está começando. A moda passa a entender que o teatro é importante para ela. O criador de moda se amplia e aprende a brincar com possibilidades, cores e formas. E o teatro aprende com a moda, principalmente com os editoriais e as publicações. Os dois precisam conversar, de qualquer forma. Algumas agências de modelo começaram a colocar nos seus cursos os de interpretação, para que elas entendam a roupa que estão vendendo.

Em 2006, você trabalhou na peça "Vergba" com Similião Aurélio. A amizade de vocês é antiga?

Marcus Barozzi: O Aurélio entrou na minha vida com o teatro. Aos 13 anos, eu era um principiante, e ele já era consagrado e conhecido em Brasília. Isso há 15 anos! Ele se tornou um amigo próximo, trabalhamos muito tempo juntos e mantemos nossa amizade. Todas as vezes que ele vai montar um espetáculo, me convida. Eu também o procuro, nós nunca nos abandonamos na vida.

Entrevista com Similião Aurélio

Todo ator é um prestidigitador?

Similião Aurélio: Bastante! Ele transfere as suas emoções, tem que fingir ser outra pessoa. Às vezes, isso acaba reverberando em nossa vida. Estamos tristes e fingimos estar alegres, porque as nossas tristezas não interessam a outras pessoas. É um instrumento de trabalho de qualquer ator, embora seja comum em qualquer pessoa.

Você é um dos fundadores da Cia de Teatro Infantil Néia e Nando. Como se sente atuando para um público mais maduro?

Similião Aurélio: Tenho muita experiência, estudei na Alemanha e na Dinamarca, por exemplo. O meu aprendizado na Néia e Nando foi a necessidade na rapidez de criação. Tínhamos que adquirir agilidade com os personagens. Além disso, temos o público mais difícil, que são as crianças. Verdadeiras e sinceras, se não estão gostando da peça, reclamam. Agimos muito no improviso, eu gosto disso. Acho um exercício muito interessante. A diferença é que nesta peça há uma luz muito marcada. Nesse ponto, eu tenho que esquecer os improvisos.

Sente dificuldades para fazer teatro em Brasília?

Similião Aurélio: Nenhuma! Basta querer. Qualquer coisa no mundo é assim. Vá atrás e faça, que você consegue. Eu me sinto criando o teatro de Brasília. Considero um prêmio, um presente. Se estivesse no Rio, eu teria dificuldades. Em Brasília, não. A cidade é nova e o momento é maravilhoso.

Como foi criar a peça sem recursos do governo ou da iniciativa privada?

Similião Aurélio: Refleti muito. Só vamos fazer peça se o governo patrocinar? Será que realmente, em todas as situações, precisamos de tanto dinheiro? Ou dá para reduzir ao máximo e fazer só o essencial? Na minha cabeça, isso fica muito confuso. Tínhamos certa quantia em dinheiro. Chamei o Marcus e ele adorou a ideia. Fizemos todo o trabalho com pouquíssimo dinheiro. Isso ganha um poder maior, todo lucro e prejuízo será nosso. Nosso esforço fica diferente, sou o criador, então o preço é diferente.

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