Peça O campo de batalha entra em cartaz na programação do CCBB
O espetáculo questiona se a velocidade que imprimimos no dia a dia pode detonar o conflito
Anna Beatriz Lisbôa - Especial para o Correio
Publicação:17/04/2015 07:35
Dois soldados inimigos se encontram no front durante uma hipotética Terceira Guerra Mundial. A falta de munição leva à interrupção do conflito. Entre eles, apenas uma voz que os monitora para que não se tornem amigos. Embora se passe no futuro, a peça O campo de batalha, do dramaturgo baiano Aldri Anunciação, tem raízes firmes no presente.
Codirigido por Márcio Meirelles, Lázaro Ramos e Fernando Philbert, o espetáculo trata das tensões contemporâneas, acirradas pela internet. “Vivemos um momento de grandes sensibilidades sociais”, acredita Anunciação, que também atua na peça, dividindo o palco com Rodrigo dos Santos.
“Nas redes sociais entramos em conflito sobre qualquer assunto, desde os mais relevantes aos menos relevantes. Não estamos lidando de forma muito madura com a aproximação que a tecnologia promoveu”, completa o diretor.
A montagem é a segunda parte da trilogia do confinamento, iniciada pelo texto de Namíbia, não!, também dirigido por Lázaro Ramos, e vencedor do prêmio Braskem de Teatro. Enquanto o primeiro trabalho aborda a questão racial de maneira crítica e irônica, O campo de batalha desenvolve-se em um momento de hiato na guerra.
“Quis fazer uma reflexão sobre a pausa. Está tudo acontecendo a toque de caixa. Queremos cada vez mais números, ações e atitudes realizadas e estamos passando por cima da pausa, que é quando refletimos sobre de onde viemos, quem somos e o que vamos fazer a partir dali.”
Anunciação revela que o texto para a última parte da trilogia está pronto — ainda sem data de estreia —, mas permanece em aberto. Ele prefere concluir o trabalho no ano da montagem da peça para preservar a atualidade. “O teatro tem esse caráter da presencialidade. A literatura e o cinema talvez não, mas no teatro é muito bonita essa possibilidade de atualização”, comenta.
Amizade antiga
Amigos há quase 20 anos, Anunciação e Lázaro Ramos se conheceram ainda em Salvador, quando Aldri fazia parte da escola de teatro da Universidade Federal da Bahia e Lázaro participava do Bando de Teatro Olodum. “Antes de montar o Namíbia, apresentei o texto a amigos, entre eles o Lázaro. Ele começou a sugerir músicas, cenografias, coisas que não estavam ali e assumiu a direção”, lembra Anunciação, que define Ramos como “um amigo consultor. As coisas que escrevo continuo mandando para ele.”
O campo de batalha
Até 17 de maio. De quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2). Ingressos a R$ 10 (inteira). Não recomendado para menores de 16 anos. Informações: 3108-7600.

Questões contemporâneas estão em cartaz no palco do CCBB
Dois soldados inimigos se encontram no front durante uma hipotética Terceira Guerra Mundial. A falta de munição leva à interrupção do conflito. Entre eles, apenas uma voz que os monitora para que não se tornem amigos. Embora se passe no futuro, a peça O campo de batalha, do dramaturgo baiano Aldri Anunciação, tem raízes firmes no presente.
Codirigido por Márcio Meirelles, Lázaro Ramos e Fernando Philbert, o espetáculo trata das tensões contemporâneas, acirradas pela internet. “Vivemos um momento de grandes sensibilidades sociais”, acredita Anunciação, que também atua na peça, dividindo o palco com Rodrigo dos Santos.
“Nas redes sociais entramos em conflito sobre qualquer assunto, desde os mais relevantes aos menos relevantes. Não estamos lidando de forma muito madura com a aproximação que a tecnologia promoveu”, completa o diretor.
A montagem é a segunda parte da trilogia do confinamento, iniciada pelo texto de Namíbia, não!, também dirigido por Lázaro Ramos, e vencedor do prêmio Braskem de Teatro. Enquanto o primeiro trabalho aborda a questão racial de maneira crítica e irônica, O campo de batalha desenvolve-se em um momento de hiato na guerra.
“Quis fazer uma reflexão sobre a pausa. Está tudo acontecendo a toque de caixa. Queremos cada vez mais números, ações e atitudes realizadas e estamos passando por cima da pausa, que é quando refletimos sobre de onde viemos, quem somos e o que vamos fazer a partir dali.”
Anunciação revela que o texto para a última parte da trilogia está pronto — ainda sem data de estreia —, mas permanece em aberto. Ele prefere concluir o trabalho no ano da montagem da peça para preservar a atualidade. “O teatro tem esse caráter da presencialidade. A literatura e o cinema talvez não, mas no teatro é muito bonita essa possibilidade de atualização”, comenta.
Amizade antiga
Amigos há quase 20 anos, Anunciação e Lázaro Ramos se conheceram ainda em Salvador, quando Aldri fazia parte da escola de teatro da Universidade Federal da Bahia e Lázaro participava do Bando de Teatro Olodum. “Antes de montar o Namíbia, apresentei o texto a amigos, entre eles o Lázaro. Ele começou a sugerir músicas, cenografias, coisas que não estavam ali e assumiu a direção”, lembra Anunciação, que define Ramos como “um amigo consultor. As coisas que escrevo continuo mandando para ele.”
O campo de batalha
Até 17 de maio. De quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2). Ingressos a R$ 10 (inteira). Não recomendado para menores de 16 anos. Informações: 3108-7600.