Pirandello morreu antes de terminar o texto que conta a aventura de uma trupe mambembe

O terceiro sinal ainda não soou e o comentário na plateia do Teatro da Caixa é geral: impressiona a beleza do cenário de Os gigantes da montanha, espetáculo de Luigi Pirandello montado pelo Grupo Galpão com direção de Gabriel Villela. Antes de os 12 atores entrarem em cena, Elis Regina antecipa o que vem por aí: fascinação.

Com alegria contagiante, a fábula musical que Pirandello morreu antes de terminar encanta o público com a história de uma trupe mambembe que chega a um vilarejo para encenar uma peça maldita — A fábula do filho trocado —, mas falta o principal: a plateia. Num jogo lúdico no qual a realidade e a imaginação são sempre sobrepostas, o Galpão encanta. A que vale mais a pena se dedicar: ao sonho ou à realidade?

Ao texto inacabado de Pirandello e à direção precisa de Villela junta-se a polivalência do elenco, que atua, canta e toca vários instrumentos. Tudo com competência. Que a montanha não fique com inveja, mas os gigantes são do Galpão.

SERVIÇO

Os gigantes da montanha
Texto de Luigi Pirandello, direção de Gabriel Villela, com o Grupo Galpão. Teatro da Caixa (SBS Q.4 lt. 3/4. 3206-9448). Hoje e amanhã, às 20h; domingo, às 19h. Ingressos a R$ 20 (inteira). Não recomendado para menores de 12 anos.