Teatro Goldoni recebe peça de teatro com elementos do cinema noir
Atmosfera de suspense dá a tônica de 'Janus,' drama que mescla teatro tradicional e sétima arte
Assassinato brutal, suspense, atmosfera tenebrosa e investigação. Os principais elementos do cinema noir, sensação nas décadas de 1940 e 1950, são colocados em cena em Janus, peça do coletivo brasiliense Jano, com direção de José de Campos, um aficionado pela sétima arte.
No elenco, os atores Rafael Salmona e João Gott intercalam a interpretação clássica teatral casada a elementos da linguagem cinematográfica, passeando entre o realismo e o surrealismo. “Esse casamento começa no roteiro e se estende às marcações de cena. O teatro pede algo mais expositivo, enquanto o cinema é mais contido, natural. Brincamos com essa mistura.
Assumimos que estamos num ambiente de teatro e, de repente, mudamos luz, voz e gestos e também usamos alguns recursos de projeção digital”, conta Rafael.
Dado o caráter intimista da sala escolhida (Adolfo Celi, no Teatro Goldoni), o público é convidado a fazer parte do espetáculo, como se, junto ao principal suspeito do crime, estivesse presente no interrogatório policial.
O título escolhido remete ao deus romano Jano, ou Janus, que representa mudanças e transições. “É o deus do começo e do fim, que olha para frente e para trás. Por isso janeiro tem esse nome”, explica o ator.
“Há quem vá assistir e dizer que somos a mesma pessoa, ou que somos completamente opostos. Esse dilema só se resolve ao final da peça.”
Você sabia?
Considerado um dos maiores realizadores do cinema noir, Howard Hawks é figura indispensável a quem pretende entender o gênero. À beira do abismo (1946) é apontado, até hoje, um dos mais importantes exemplares dessa proposta estética e conceitual cinematográfica.
Janus
Teatro Goldoni (Sala Adolfo Celi, Casa D’Itália, 208/209 Sul; 3443-0606).
Hoje e amanhã, às 21h; e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Não recomendado para menores de 14 anos.