A atriz Raquel Scotti Hirson, da companhia paulista Lume Teatro, nasceu 50 anos após a morte do bisavô, o poeta simbolista mineiro Alphonsus de Guimaraens. Como seria possível encontrá-lo? Com o olhar na poesia, Raquel ampliou a curiosidade de saber quem foi esse homem capaz de criar versos em meio à monotonia de longos dias provincianos.

Raquel, então, buscou na família e na infância os laços que a permitissem encontrar conexões entre poesia, vida e criação, deixando-se envolver por fantasias e concebendo um espetáculo que entende a memória como ficção. Assim nasceu o primeiro solo da atriz, Alphonsus.

“Minha mãe escreveu as memórias dela de infância, eu coletei essas histórias e me aproximei mais do meu bisavô”, diz Raquel. Ela observou fotografias de Alphonsus, a voz e a maneira de falar de tios, trejeitos próprios da família. Mas, segundo Raquel, foi por meio das cartas que ela mais se encontrou com o poeta.

“Comecei a criar o espetáculo durante o doutorado porque eu queria uma maneira de atuar a poesia do meu bisavô. De alguma maneira os afetos dessa observação se transformam em corpo, mas o mais importante é que, a partir da observação das fotografias, eu descobri o que hoje chamo de mimésis da palavra, que diz respeito a como transito por essas fotografias, como dou volumes e vida a elas. Resolvi fazer isso a partir da palavra, conhecendo muito o Alphonsus a partir do que ele escreveu”, revela a atriz.

Alphonsus
Teatro Brasília (Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, SHTN Trecho 1, Conj. 1B, Bloco C, vizinho ao Palácio da Alvorada). Amanhã, às 21h; domingo, às 20h.

R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Não recomendado para menores de 16 anos.