'Pra dar um fim no juízo de Deus': explosivo manifesto do Oficina
Trupe liderada por Zé Celso Martinez Corrêa cumpre temporada na cidade

Não é todo dia que o público brasiliense pode conferir o talento e as provocações de Zé Celso Martinez Corrêa e do seu Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Por isso, corra ao Teatro da Caixa e, se ainda houver ingressos, garanta seu lugar em Pra dar um fim no juízo de Deus.
Assistir a uma montagem de Zé Celso é mais do que ver uma peça. É uma experiência sensorial. Logo no início, numa espécie de prólogo para o que está por vir, Zé Celso — na pele do alter ego de Antonin Artaud, autor cuja obra serve como mote para a dramaturgia do espetáculo — avisa que gosta de “plateias vivas”.
Dessa maneira, nossos sentidos são estimulados: participamos passivamente quando sustentamos “ondas do mar”, ou ativamente, quando nos é oferecido um “banquete” de fezes. O olfato é brindado com incensos e castigado com o mesmo banquete. O elenco anima com cantos e incomoda com sons de microfonia — esse é Zé Celso. A visão ganha força com um cinegrafista que tem os registros exibidos ao vivo num telão. Ali, tudo ganha proporções gigantescas.
Assim como gigantesca é a reflexão. Completamente atual, a montagem vai além do confronto político-partidário — mesmo que máscaras de parlamentares e juízes façam parte do roteiro — e nos leva a pensar sobre onde nos leva a falta de autocrítica e o comodismo. É como vaticina o texto: o homem só tem jeito se reinventado!
Serviço
Pra dar um fim no juízo de Deus
De Antonin Artaud. Direção de José Celso Martinez Corrêa. No Teatro da Caixa
(SBS Q.4). Até 24 de abril. De quinta a sábado, às 20h; Domingo, às 19h. Ingressos a R$ 10 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 18 anos.