Obra de William Shakespeare ganha adaptação dirigida por James Fensterseifer
Questões de gênero e feminismo são abordadas na montagem brasiliense de Otelo

Um dos mais populares textos escritos por William Shakespeare, Otelo ganha os palcos da capital. Dirigido e adaptado por James Fensterseifer, o espetáculo segue a linha de encenação inspirada no movimento construtivista, que, com marcações geométricas, valoriza a interpretação do texto acima de cenários e adereços.
Segundo o diretor, Shakespeare é quem mais entende da alma humana e seu texto já é suficiente para transportar o espectador. “Não é necessário um cenário ou uma mesa onde os personagens estão. As próprias palavras constroem o ambiente na imaginação de quem assiste”, diz.
Abordando temas como manipulação, máscaras sociais, inveja e ciúme doentio, Otelo se mostra atual mesmo tendo sido escrito 400 anos atrás. “Otelo, assim como Romeu e Julieta e outras obras do escritor, se tornou ‘mito flutuantes’. Todos acreditam que conhecem, mas não percebem a profundidade das obras”, acredita James, garantindo que a obra vai muito além do problema do ciúmes.
Ponto forte trabalhado pelo diretor é a igualdade de gênero. “Nós percebemos uma bandeira feminista muito clara”, aponta. Expondo que tanto mulheres como homens têm suas afeições, seus desejos e fraquezas, os gêneros dos atores serão trocados em relação aos personagens interpretados.
Além disso, figurinos e maquiagem terminam o serviço e tornam os atores livres dos conceitos de homem e mulher. “As emoções trabalhadas na peça não são diferenciadas entre femininas e masculinas, mas sim humanas, por isso tiramos os conceitos de gênero”, explica o diretor.
SERVIÇO
Otelo
Texto de William Shakespeare adaptado e dirigido por James Fensterseifer. Sala Adolfo Celi do Teatro Goldoni (Casa D´Itália, 208/209 Sul; 3443-0606). Hoje e amanhã, às 21h15, e domingo, às 20h15. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.