Quando um bebê articula o som de uma vogal e ela se junta a uma consoante acontece uma revolução. É sob essa premissa que se debruça o espetáculo A gruta da garganta, criação da companhia hispano-brasileira La Casa Incierta (fundada como parceria do diretor espanhol Carlos Laredo e da atriz brasiliense Clarice Cardell) e que compõem a extensa programação do festival Cena Contemporânea.

 

Com mais de 15 anos de experiência em teatro para a primeira infância, Clarice defende a presença dos pequenos em salas culturais. Mas não se limita a criar peças de cunho pedagógico. O objetivo é alcançar bebês e crianças e, também, os adultos que os acompanham. “Trabalhar para o público infantil não é uma limitação, mas uma ilimitação. É uma abertura criativa gigantesca”, avalia.

 

Na visão da artista, são seres infinitos em possibilidades artísticas. “Por isso são tão abertos à poesia”, acredita. Seriam, então, o público ideal de qualquer artista, por essa capacidade da desconstrução e reconstrução cognitiva.

 

Desta vez, Carlos e Cardell investigam de maneira poética o surgimento da linguagem humana em peça inteiramente musicada. Em cena, ela, que também é cantora, compartilha espaço com Aida Kellen, formada em canto erudito.

 

Canções concebidas exclusivamente para o espetáculo são executadas ao vivo pelo pianista ucraniano Mikhail Studyonov. Além da ambientação delicada promovida pela trilha, projeções em vídeos representam os ossos da face, o interior da boca e a garganta, elemento central na narrativa conduzida por questões filosóficas e humanísticas, como a necessidade de comunicação.

 

Hoje, às 16h; amanhã e domingo, às 11h e às 16h; no Auditório 1 do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no local, uma hora antes da apresentação. Indicado para crianças de 0 a 6 anos.