Há três anos, quando a Cia. Luna Lunera esteve em Brasília com Prazer, eu comentei que sobrava “experimentalismo” ali. Também disse que o espetáculo se sustentava em um “início desconexo”. O mesmo poderia ser dito sobre Urgente, que segue em cartaz no CCBB. O novo e sétimo trabalho do grupo mineiro, que está celebrando 15 anos de estrada, padece de males similares ao da peça anterior. Na verdade, cá entre nós, Urgente padece dos males que parecem ter contaminado todas as grandes companhias: acreditar que o tal diferente ainda é diferente. Pois, sinto informar, o extraordinário virou ordinário.

Mais uma vez, a Luna Lunera traz um enredo não-linear, uma estética “contemporânea” e uma dramaturgia turva, repleta de metáforas, para falar sobre o tempo, sobre as relações, sobre viver o aqui e agora. Preferem o “complexo”. Claro, estamos falando de uma companhia madura, referência em pesquisa, com intérpretes intensos, o que provoca um espetáculo instigante. Mas inapto a nos emocionar. O que é uma pena, já que as histórias ali representadas são naturalmente comoventes. Ando me perguntando: quando foi que abandonamos o simples? Às vezes, é só o que se precisa.

 

Da Cia. Luna Lunera. No CCBB (SCES, Trecho 2). De quinta a sábado, às 20h. Domingo, às 19h. Ingressos a R$ 10 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 16 anos.