Série de Zuleika de Souza tem uma certa ironia crítica

Duas Brasílias se completam na exposição Entre quadras. Uma delas é pura arquitetura, conjunto de curvas e ângulos retos sonho e utopia. A outra é colorida, povoada e explicitamente ocupada. Ambas nasceram dos olhares dos fotógrafos José Roberto Bassul e Zuleika de Souza.

Reunidas sob o título de Entre quadras, as imagens são fruto de duas posturas diferentes, mas travam um diálogo que leva a reflexões sobre a origem utópica da cidade. 

O arquiteto Bassul sempre gostou de fotografar, mas abandonou as lentes nos anos 1970 e, de uns tempos para cá, retomou o hobby. Carregava na cabeça algumas referências, como o francês Marcel Gautherot, escolhido por Oscar Niemeyer para ser uma espécie de fotógrafo oficial de Brasília.“Fui buscar o que havia no Gautherot, mas a Brasília do Gautherot era careca e a minha era um parque. E quando olhei para cima, vi Hélio Oiticica”, conta.

Já Zuleika de Souza passou um ano em busca das interferências humanas na cidade. “É a interferência não modernista”, brinca a fotógrafa, que pensou até em chamar a série de “coisas que fariam Lucio Costa revirar no túmulo”.

Boa parte das imagens se concentra nos pilotis dos prédios porque a ideia era que, enquanto Bassul olhava para cima, Zuleika olharia para baixo. 

Serviço

Entre quadras

Exposição de fotografias de Zuleika de Souza e José Roberto Bassul. Abertura amanhã, às 18h. Visitação até 29 de abril, de quinta a sexta, das 14h30 às 18h e sábado, das 15h às 20h.