Há 14 anos, Marieta Severo, às quintas, aparece nas telinhas dando vida a um personagem um pouco diferente de como ela é na vida real. A artista cacheia os cabelos, veste roupas coloridas e incorpora o jeito maternal de Dona Nenê, de A grande família.

“Ela habita em mim de uma forma avassaladora, definitiva e determinante. Não há mais um filtro. Quando eu recebo o texto, não tenho que ficar pensando para saber como ela reagiria. Ela já se comporta, já sente”, revela a carioca.

Apesar de ser lembrada pelos telespectadores por esse papel, em breve, Marieta se despedirá dele — a série se encerra na temporada atual —, deixando as madeixas mais lisas, usando as roupas despojadas, como calça jeans e jaqueta de couro, e voltando a exibir a personalidade marcante que possui. Na época da ditadura, o Brasil pôde conhecer esses traços, quando a atriz estrelou o musical Roda viva, de autoria do então marido Chico Buarque, com quem foi casada entre 1966 e 1999 e que criticava duramente o regime militar.

Essa será a despedida do personagem mais longo da carreira da artista — antes, o recorde era de 4 anos, no teatro. “Estou completamente mergulhada nesse adeus. É uma despedida difícil”, explica a atriz, ao anunciar que, por enquanto, não tem projetos para novos trabalhos.

Talvez assim, ela consiga tempo para voltar a protagonizar Incêndios, espetáculo que estreou neste ano e foi abandonado por causa da agenda de gravações no Rio de Janeiro. A peça chegou a ser encenada em algumas capitais brasileiras e tem direção do atual marido de Marieta, Aderbal Freire Filho. A produção mostra um outro lado da atriz, bem distante da comédia.