Mad men chega ao fim da sétima temporada com metáfora perfeita
Série é exibida no Brasil pela HBO e oitavo ano só chegará em 2015
Diário de Pernambuco
Publicação:27/05/2014 16:07
A sétima temporada de Mad men - exibido no Brasil pela HBO - fecha mais um ciclo dentro da agência de publicidade dos anos 1960 com uma metáfora perfeita para ilustrar a vida no período marcado pela polarização política entre EUA e União Soviética. O último capítulo mostra um país (EUA) em regozijo pela chegada do homem à Lua, uma prova inconteste de domínio do espaço. Na Terra, a sobrevivência pela conquista do "espaço particular" permeia todos os núcleos da série de Mathew Weiner: o protagonista Don Draper trava batalhas de ego contra si e os colegas de trabalho para permanecer na ativa (enquanto tentam expulsá-lo da empresa), as mulheres da trama forçam a fronteira do machismo para obter a mesma visibilidade dos homens e os movimentos sociais periféricos - de um extremo dos hippies ou a outro da entrada da tecnologia no ambiente de trabalho - fazem rachaduras no modelo paternalista e centrado na figura do indivíduo, cada vez mais descartável.
Os atritos são inevitáveis. Peggy Olsen, redatora-chefe disputa uma guerra branca para se afirmar no cargo, cercada do olhar desconfiado de subordinados e chefes - e, às vezes, com a sensibilidade sufocada pelo senso de pragmatismo. O que vale é sobreviver. Em casa, Betty se desentende com o marido quando decide ter voz própria. E a filha questiona severamente o papel desempenhado pelas mulheres ao dizer "posso cuidar de mim, não preciso de um homem para isso". Os homens sentem e, como Draper, chegam a se dobrar. A confusão psicodélica expressa na abertura se confirma e enseja uma reviravolta ao fim, com as peças do xadrez em movimento pela sobrevivência dos jogadores: comprada, a agência preserva a liberdade criativa e o futuro vira uma incógnita.
A televisão assume com mais intensidade o poder de desequilibrar o convívio social, com demonstrações inequívocas. Uma campanha para conquistar os donos de uma rede de lanchonete aposta no seio familiar, sem a presença do aparelho, como diferencial na conquista dos clientes. Em contrapartida, dentro de casa, a família parece impotente diante da atração da telinha: imóvel diante do televisor, das notícias, dos programas e, numa situação crítica, capaz de alienar uma criança moradora do prédio de Peggy Olsen (ele visita o apartamento dela diariamente apenas para assistir aos programas dos quais gosta).
Há uma ponta de preocupação emergente em relação às consequências de práticas nocivas à saúde, embora predomine o desconhecimento científico sobre elas. No capítulo final, surge uma associação direta entre o fumo e o aparecimento do câncer. Detalhe: a observação é feita por uma criança enquanto a outra começa a acender um cigarro. No nível macro, a publicidade mostra as garras como mecanismo para dissimular os efeitos negativos da prática, ao demonstrar a luta das empresas em conseguiur os melhores quadros e tentar vencer as barreiras das autoridades às marcas de cigarro.
O desgosto profissional frente à rotina massacrante imposta pela busca de clientes, à manutenção de vaidades, às rasteiras profissionais e à falta de reconhecimento é patente na postura de Ted Chanough, representante da Sterling Cooper na costa oeste dos Estados Unidos, infeliz e pronto para largar tudo. É um desapego ao trabalho com aceno para a qualidade de vida, meta perseguida décadas depois no mundo corporativo.
A sétima temporada se encerra com a despedida de um dos personagens mais marcantes da série, Robert Morse, o Bert Cooper, com direito a musical fantasiado por Don dentro da agência, com o tema The best things in life are free, do início do século 20. A letra da música retoma a metáfora: "a Lua pertence a todos". A busca por espaço, no entanto, retorna nos sete capítulos da última temporada, só exibidos em 2015.
Confira o teaser da sétima temporada de Mad men
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Don Draper (Jon Hamm) se despede no final desta sétima temporada
A sétima temporada de Mad men - exibido no Brasil pela HBO - fecha mais um ciclo dentro da agência de publicidade dos anos 1960 com uma metáfora perfeita para ilustrar a vida no período marcado pela polarização política entre EUA e União Soviética. O último capítulo mostra um país (EUA) em regozijo pela chegada do homem à Lua, uma prova inconteste de domínio do espaço. Na Terra, a sobrevivência pela conquista do "espaço particular" permeia todos os núcleos da série de Mathew Weiner: o protagonista Don Draper trava batalhas de ego contra si e os colegas de trabalho para permanecer na ativa (enquanto tentam expulsá-lo da empresa), as mulheres da trama forçam a fronteira do machismo para obter a mesma visibilidade dos homens e os movimentos sociais periféricos - de um extremo dos hippies ou a outro da entrada da tecnologia no ambiente de trabalho - fazem rachaduras no modelo paternalista e centrado na figura do indivíduo, cada vez mais descartável.
Os atritos são inevitáveis. Peggy Olsen, redatora-chefe disputa uma guerra branca para se afirmar no cargo, cercada do olhar desconfiado de subordinados e chefes - e, às vezes, com a sensibilidade sufocada pelo senso de pragmatismo. O que vale é sobreviver. Em casa, Betty se desentende com o marido quando decide ter voz própria. E a filha questiona severamente o papel desempenhado pelas mulheres ao dizer "posso cuidar de mim, não preciso de um homem para isso". Os homens sentem e, como Draper, chegam a se dobrar. A confusão psicodélica expressa na abertura se confirma e enseja uma reviravolta ao fim, com as peças do xadrez em movimento pela sobrevivência dos jogadores: comprada, a agência preserva a liberdade criativa e o futuro vira uma incógnita.
A televisão assume com mais intensidade o poder de desequilibrar o convívio social, com demonstrações inequívocas. Uma campanha para conquistar os donos de uma rede de lanchonete aposta no seio familiar, sem a presença do aparelho, como diferencial na conquista dos clientes. Em contrapartida, dentro de casa, a família parece impotente diante da atração da telinha: imóvel diante do televisor, das notícias, dos programas e, numa situação crítica, capaz de alienar uma criança moradora do prédio de Peggy Olsen (ele visita o apartamento dela diariamente apenas para assistir aos programas dos quais gosta).
Há uma ponta de preocupação emergente em relação às consequências de práticas nocivas à saúde, embora predomine o desconhecimento científico sobre elas. No capítulo final, surge uma associação direta entre o fumo e o aparecimento do câncer. Detalhe: a observação é feita por uma criança enquanto a outra começa a acender um cigarro. No nível macro, a publicidade mostra as garras como mecanismo para dissimular os efeitos negativos da prática, ao demonstrar a luta das empresas em conseguiur os melhores quadros e tentar vencer as barreiras das autoridades às marcas de cigarro.
O desgosto profissional frente à rotina massacrante imposta pela busca de clientes, à manutenção de vaidades, às rasteiras profissionais e à falta de reconhecimento é patente na postura de Ted Chanough, representante da Sterling Cooper na costa oeste dos Estados Unidos, infeliz e pronto para largar tudo. É um desapego ao trabalho com aceno para a qualidade de vida, meta perseguida décadas depois no mundo corporativo.
A sétima temporada se encerra com a despedida de um dos personagens mais marcantes da série, Robert Morse, o Bert Cooper, com direito a musical fantasiado por Don dentro da agência, com o tema The best things in life are free, do início do século 20. A letra da música retoma a metáfora: "a Lua pertence a todos". A busca por espaço, no entanto, retorna nos sete capítulos da última temporada, só exibidos em 2015.
Confira o teaser da sétima temporada de Mad men
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