Masterchef Júnior submete crianças a cobranças e dramas exagerados
Segundo psicóloga, não se pensa nos riscos ao expor crianças à mídia
Diego Ponce de Leon
Publicação:25/10/2015 06:01Atualização: 23/10/2015 19:46

Cena do primeiro episódio do MasterChef Junior, exibido no dia 20/10/2015, na TV Bandeirantes.
Brincar de cozinha?
Adoro um bom prato e valorizo a gastronomia. Mas, nem por isso, interesso-me por programas de culinária. Não gosto de nenhum deles. E o tão falado Masterchef, da Band, não foge à regra. Não é a comida que me incomoda, mas a competitividade, o teatro farsesco, o drama mexicano. Entretenimento barato.
Eis que temos agora uma versão júnior da atração. Crianças entre 9 e 13 anos na cozinha. Espero não queimar a língua, no futuro, mas não me vejo autorizando meus filhos a cortar batatas e brincar com fogo na tevê, como marionetes de um programa. Não me vejo os submetendo a uma cobrança exagerada e hostil. Não me vejo orgulhoso por lágrimas arrancadas. Assim como não me vejo alimentando qualquer assédio público sobre eles.
Toda a concepção, de forma geral, soa apelativa e despropositada. Ou o almoço de domingo na sua casa costuma ser responsabilidade das crianças? Nada contra lapidarmos talentos desde cedo, mas que seja feito em casa ou na escola. E não (jamais!) tendo como juiz ou voyeur uma sociedade essencialmente cruel como a nossa.
Negligência
"Quando a criança é exposta nas mídias dessa forma não se pensa nos riscos” Cecília Zylberstajn, psicóloga pela PUC-SP, em entrevista ao portal IG.
O pior
Entre todos os programas de gastronomia, nada supera Cake boss. O tal do Buddy Valastro é simplesmente insuportável.
A controversa
Tenho simpatia pela sorridente Bela Gil. Não me incomoda. E tenho adotado as receitas: toquei os invejosos por cúrcuma. Estou adotando linhaça no lugar dos haters. E me jogando na granola em vez de perder tempo com energia ruim.