Brasília-DF,
21/ABR/2025

Entre 1970 e 1990, as novelas eram vitrines da música nacional e internacional

Em tempos de vinil e CDs, cantores como Gal Costa marcavam a trilha sonora de novelas de sucesso

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Daniel Couri- Especial para o Correio Publicação:27/12/2015 06:03Atualização:24/12/2015 12:32

 (Arquivo TV Globo/Divulgação)

Há cinco décadas, a telenovela brasileira tornou-se uma espécie de vitrine para a música — tanto nacional quanto internacional — dos mais variados artistas. Nos últimos dez anos, com a queda na venda de CDs e as mudanças na maneira de se ouvir e acessar música, as trilhas foram perdendo espaço e popularidade. A aposta, no momento, tem sido em regravações.


Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1970, os discos de novela iniciaram sua fase de ouro. Nas duas décadas seguintes, as trilhas sonoras foram recheadas de sucessos, que caíram rapidamente no gosto dos telespectadores e eram associadas aos personagens. Os discos eram esperados e atores chegavam a disputar a honra de estar na capa do bolachão.


Muitos dos temas eram compostos sob encomenda. Segundo o site Memória Globo, Pecado capital foi um deles. O produtor musical Guto Graça Mello teria pedido um samba a Paulinho da Viola especialmente para embalar as aventuras do protagonista Carlão (Francisco Cuoco). Deu certo e o Brasil logo se rendia a versos como “dinheiro na mão é vendaval”.


Até mestres como Dorival Caymmi eram consultados e cediam aos apelos. Um dos nossos maiores compositores fez Modinha para Gabriela a pedido da Globo para a novela Gabriela (1975). Gal Costa a gravou e estourou no país inteiro, fato que se repetiria na carreira da baiana com a gravação de Brasil, de Cazuza, para a abertura de Vale tudo (1988).


O clássico da MPB, Começar de novo, de Ivan Lins, também foi composto especialmente para Malu mulher (1979). Mas a ideia inicial era que Maria Bethânea a gravasse. Com a recusa dela, Simone ganhou a composição e, de quebra, um dos maiores sucessos da carreira.


A primeira trilha sonora original de novela foi a de Véu de noiva, em 1969, ano em que foi criada a Som Livre, selo que nasceu especialmente para as novelas e depois se expandiu. O disco, produzido por Nelson Motta, vendeu 70 mil cópias, e contava com nomes como Elis Regina, Roberto Menescal e Joyce.


Nos anos 1980 e 1990, o grupo Roupa Nova emplacou um sucesso atrás do outro nas tramas da Globo. São dessa safra Dona, de Roque Santeiro (1985); Whisky a Go Go, de Um sonho a mais (1985); Começo, meio e fim, de Felicidade (1991); e Um lugar no mundo, de Corpo santo (1987), da Manchete.

 

 

Saiba mais

Prévia
Com estreia prevista para janeiro, a nova novela das seis, Êta mundo bom, de Walcyr Carrasco, já tem trilha sonora disponível para o público. Pela primeira vez, a Globo lançou mão da estratégia
e colocou o CD em
pré-venda.

Sucesso
Nana Caymmi já contou em várias entrevistas que o disco que mais vendeu em sua carreira foi Resposta ao tempo. Não por acaso. Ela mesmo credita o fenômeno à faixa título, da abertura da minissérie Hilda Furacão (1998).

Milhões

A trilha mais vendida da história é a de O rei do gado (1996), com 2,1 milhões de cópias. O disco tinha faixas como Admirável gado novo, com Zé Ramalho, e Coração sertanejo, com Chitãozinho & Xororó.

Só novelas

Compositores como Djavan, Rita Lee e Caetano Veloso chegaram a ter coletâneas só com faixas que estiveram em novelas.

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