Não precisam comemorar, ainda não sou eu quem está se despedindo. Nesta semana, não poderia deixar de comentar o último capítulo de Pé na cova, que irá ao ar na próxima quinta-feira. Nossa derradeira oportunidade de assistir a um trabalho inédito de Marília Pêra. A partir de quinta, tudo sobre Marília não passará de reprise.

 

Uma das mais aclamadas atrizes de nosso país —  foram mais de 80 prêmios na carreira — deixou marcas irrevogáveis na dramaturgia brasileira e marcou época. Confesso, no entanto, que os trabalhos que mais me marcaram foram no cinema: Central do Brasil e Pixote — A lei do mais fraco.

 

Em 50 anos de televisão, Marília marcou época e foi reverenciada pelas gerações mais antigas e pelos mais jovens. Desde A moreninha, em 1965, até Pé na cova. “Ela gravou a última temporada do programa com muita dor, mas não é possível perceber. Essa é a atriz Marília Pêra”, confessou-me sua irmã, Sandra Pêra, em entrevista recente. Vale a pena pararmos um segundo, na quinta-feira, e aplaudirmos, pela última vez, o exemplo, o trabalho e a força de Marília.

Idade de Marília ao morrer, em dezembro de 2015, por conta de um câncer no pulmão.

A televisão nos permite, eventualmente, matar as saudades de quem já se foi. Uma das vantagens dos artistas é ter o legado imortalizado. Teremos a chance de rever muitos trabalhos de Marília por meio de Vale a pena ver de novo, do canal Viva, dos filmes. Adoro esbarrar sem querer com antigos programas ou novelas com Paulo Autran, Cleyde Yáconis, José Wilker, Antônio Pompêu, entre tantos outros e, por um instante, voltar a celebrá-los.