Confira a estreia de três produções que têm relação com o Brasil
A internacional 'Westworld' traz Rodrigo Santoro no elenco, enquanto 'Magnífica 70' e 'Tudo tudo' são produções brasileiras.
Mais uma vez, a produção nacional e estrelas brasileiras tomarão conta da tevê fechada. Hoje, o brasileiro Rodrigo Santoro estreia na série Westworld, atração da HBO que traçará uma odisseia entre o despertar da consciência artificial e o futuro do pecado humano. Além de Santoro, o seriado contará com astros como Anthony Hopkins, Ed Harris e Evan Rachel Wood.
Este domingo também marca a estreia da segunda temporada da série Magnífica 70, que gira em torno da região da Boca do Lixo em São Paulo, reduto do cinema independente nacional. No elenco, nomes como Maria Luísa Mendonça, Simone Spoladore e Marcos Winter. Já amanhã é a vez de mais uma comédia ter sua estreia na tevê fechada. É o programa Tudo tudo, da humorista Katiuscia Canoro, no Multishow.

Consciência artificial
Em Westworld, de Jonathan Nolan e Lisa Joy, com produção-executiva de J.J Abrams, Jerry Weintraub e Bryan Burk, Rodrigo Santoro, de 41 anos, interpreta o cowboy pistoleiro Hector Escaton, um dos personagens artificiais do parque temático onde a trama se passa. Engana-se quem espera uma participação pequena do brasileiro. Westworld, vista como a aposta da HBO para suceder o fenômeno Game of thrones, preserva a mesma premissa do filme homônimo de 1973, mas não é um remake. O seriado retrata o dia a dia do local, onde improváveis coisas acontecem para satisfazer as vontades dos visitantes, por mais maquiavélicas que sejam.
No elenco de peso, destaque para Anthony Hopkins, intérprete do criador do parque e dos “habitantes”, espécies de robôs que, conforme são atualizados, passam a desenvolver raciocínio. Sobre o ator de Silêncio dos inocentes e da franquia Thor, Rodrigo Santoro é só elogios: “Anthony quebra logo o gelo. Cumprimenta todos, almoça com todo mundo. Ele faz uma imitação de Marlon Brando que é uma coisa”, exemplifica.
A evolução dos personagens se torna uma ameaça aos proprietários do parque. Em lados opostos, humanos, visitantes e “robôs” compõem a narrativa. “A gente vai observando os comportamentos. É um estudo sobre a natureza humana, o apetite humano pela violência”, explica. O primeiro episódio sugere que o personagem de Santoro é vilão, mas a série se afasta do reducionismo. “Hector tem embalagem de vilão, mas a gente vai muito a fundo. A série deixa o espectador fazer sua própria leitura”, conta.
* Fernanda Guerra viajou a convite da HBO.
Serviço
Westworld
Primeira temporada estreia hoje, às 23h, na HBO.
Leia entrevista com Ed Harris, de Westworld
O que você pode nos contar sobre O Homem de Preto?
Ele é um personagem misterioso e, de fato, não me incentivam a falar sobre ele, nem sobre o seu passado, quem ele é de fato. Mas eu vou te contar que ele frequenta o parque há 30 anos. Ou seja, ele é claramente um homem de recursos, se não ele não poderia fazer isso. Ele acha que tem alguma coisa acontecendo nesse parque, provavelmente orquestrada pelo personagem do (Anthony) Hopkins, mas ele não sabe bem o que é. Então ele está em uma missão de descoberta, não só sobre si mesmo, mas sobre a verdadeira natureza desse lugar.
Você diria que as incertezas do uso de inteligência artificial são a origem desse sentimento de medo que a série desperta?
Eu não acredito que esse seja um dos cinco principais medos que as pessoas têm no mundo hoje. Elas podem estar apreensivas, preocupadas e ansiosas quanto a vários aspectos da tecnologia, e sobre o rumo que ela está tomando, só que os avanços da tecnologia estão, obviamente, muito à frente de qualquer tipo de evolução humana. E temos que aprender a lidar com isso, usar essas coisas para conseguir o melhor aproveitamento e para o aperfeiçoamento da humanidade, porque o jogo pode virar.
O que mais te atraiu na série?
Eu nunca tinha feito esse tipo de série antes, mas eu gosto do gênero faroeste e gosto que seja uma combinação de faroeste e ficção-científica. Eu fiz um monte de filmes nos últimos anos que na verdade não foram vistos por muita gente – filmes independentes que chegam e passam muito rápido, mas é um pouco aleatório se alguém vai assistir ou não. Quando entrei nisso eu sabia que era um projeto grande da HBO, importante para eles. Eles querem que seja um sucesso, então eu sabia que, pelo menos, muita gente vai ver. Eu gostei muito de ver a paixão do Jonathan pela série. Quando nós conversamos sobre o que ele e a Lisa tinham pensado fazer, sobre as ideias deles, sobre aonde eles queriam chegar, eu fiquei intrigado. Eu gosto de trabalhar com pessoas que têm visão e paixão. Eu só tinha vivido isso com o Darren Aronofsky, que também é um verdadeiro visionário. Eu senti que seria uma produção de classe e que eles iam cuidar e se dedicar a isso.
Cultura da Boca do Lixo
A história se passa na década de 1970, mas não ignora a época atual. Em Magnífica 70, a evolução das personagens mulheres dialoga diretamente com o empoderamento feminino que impera nas discussões de gênero dos últimos anos. A corrupção aparece como uma característica atemporal do brasileiro. Já a indústria cinematográfica — neste caso, com foco no gênero pornochanchada — surge dividida entre cinema arte e comercial, com interferências externas de investidores e da censura. A inserção de tais assuntos foi proposital, segundo os realizadores da HBO. Não seria tão interessante retratar a época se ignorassem essa variedade temática.
Com nuances mais dramáticas que a primeira, a segunda temporada do seriado dirigido por Cláudio Torres e Carolina Jabor mantém a preocupação estética e a direção de arte como diferenciais. Após a morte de Larsen, os personagens de Simone Spoladore, Adriano Garib, Marcos Winter e Maria Luísa Mendonça estão emocionalmente desestruturados. Paralelamente à vida pessoal, eles seguem produzindo filmes.
“A Dora carrega uma culpa de ter matado um homem. Ela vai viver esse processo. Nesta segunda temporada, ela se droga mais”, explica Simone. Para o segundo ano, além de intensificar a pesquisa e assistir a mais filmes da Boca do Lixo, Simone fez outros tipos de laboratório, como aulas de dança e um mergulho mais emocional. A evolução de Izabel, vivida por Maria Luísa Mendonça, é mais nítida. “Ela é uma mulher muito atual. Lida com o problema de frente. Lá, ela era um pouco à frente do tempo dela. A gente faz um trabalho de reconstrução de uma época importante de São Paulo e do Brasil”, afirma Maria Luísa.
Vicente (Marcos Winter), ao conciliar as vidas de censor e diretor de filmes, ainda cultiva o mesmo fascínio por Dora, mas também carrega um peso mais dramático. “Somos personagens que estamos sofrendo consequências de nossos atos criminosos. Tentando se livrar desses atos, nós vamos nos afundando”, complementa Winter. Mais atormentado, Manolo (Adriano Garib) está frágil. Em uma das cenas, o diretor trava e não consegue dirigir as cenas. “Manolo está apavorado com a Dora. Um incidente vai explicar o por quê”, conta.
* Fernanda Guerra viajou a convite da HBO.
Serviço
Magnífica 70
Segunda temporada estreia hoje, às 22h, na HBO.
Aposta no humor
A atriz Katiuscia Canoro se tornou famosa na televisão aberta com a personagem Lady Kate. A perua era uma das esquetes da humorista dentro da antiga versão do programa Zorra total. A curitibana ficou até o ano passado na atração, quando deixou o humorístico para se dedicar a outros projetos. Um desses projetos é o programa Tudo tudo, que estreia amanhã, no Multishow, com exibição de segunda a sábado. A série apresentará Katiuscia em esquetes de humor, que envolvem tantos personagens clássicos e ainda as novas personalidades criadas para o programa.
Além disso, a humorista ainda enfrentará situações absurdas do dia a dia e desafios propostos pelo público, que podem ser apresentados no palco ou nas ruas. A produção foi idealizada pela atriz em parceria com o marido Marin Nekic, que assumiu a direção do humorístico. Ao todo, a trama contará com seis episódios.
Serviço
Tudo tudo
Primeira temporada estreia amanhã na Multishow. Segunda a sábado, às 23h.