Cineasta Alexander Sokurov mobiliza público na mostra Poeta Visual, no CCBB
Tendo como matéria-prima situações irremediáveis, pesares e dores profundas, o diretor russo é dos mais repeitados nomes da geração que representa
Ricardo Daehn
Publicação:21/06/2013 06:00Atualização: 20/06/2013 17:23
Tendo como matéria-prima situações irremediáveis, pesares e dores profundas, o diretor russo Alexander Sokurov é dos mais repeitados nomes da geração que, aos 62 anos, ele representa. Tema de análises e estudos detalhados no meio acadêmico, o cineasta tem mobilizado público com a mostra Poeta visual, de graça, no cinema do Centro Cultural Banco do Brasil. Algumas características e assuntos marcantes da obra do diretor podem ser conferidos nos filmes exibidos neste fim de semana.
Realismo acentuado
A capacidade de Sokurov revolver em temas pesados se projeta, nesta sexta-feira (21/6), às 17h, com a exibição de O segundo círculo. Criação de 1990, a obra — com trabalho impressionante do regular fotógrafo do cineasta, Aleksandr Burov — registra o transtorno e abatimento de um filho que perde o pai, em meio a um ultrarrigoroso inverno. Um realismo acentuado demarca a fita repleta de componentes costumeiros no particular cinema do russo.
Pais e filhos
Um dos pontos de acesso à obra do diretor está na inconstância de relacionamentos entre pais e filhos. Nessa linha, despontam Mãe e filho (domingo, às 19h30) e Pai e filho (sábado, às 20h50). No primeiro, há relevância para os cuidados dispensados por um rapaz que vê a mãe adoecer; o outro é centrado na reciclagem de papéis sociais, destoantes da cartilha esperada. O mesmo senso de metamorfose atravessa A pedra (domingo, às 21h), sobre a relação entre um vigilante do Museu Tchekhov e o próprio escritor (capacitado para uma imaginária segunda vida).
A perpetuação de uma personalidade mundial também dá a partida para Moloch (sexta-feira, às 20h50), no qual Leonid Mozgovoy encarna ninguém menos do que Hitler. Na fita, um reservado encontro doméstico entre Hitler e Eva Braun é testemunhado por Josef e Magda Goebbels. O filme, por sinal, alcança outro tópico, de modo sistemático, aproveitado por Sokurov: a absorção pelo poder. No título, Moloch, vale lembrar, remete ao demônio bíblico gratificado pelo sacrifício de crianças.
Caráter obsessivo
Ainda na programação do CCBB, Maria (Elegia camponesa), a ser mostrado no sábado, às 19h, com processo de filmagem que chegou até 1988, reforça o caráter obsessivo de Sokurov. Por nove anos, ele acompanhou o rude destino de uma agricultora que definha, junto com um modo de vida simples e baseado em subsistência fadada a desaparecer.
![O diretor é muito respeitado no meio artístico (Arquivo Pessoal) O diretor é muito respeitado no meio artístico (Arquivo Pessoal)](http://imgsapp.df.divirtasemais.com.br/app/noticia_133890394703/2013/06/21/142541/20130620171949417742i.jpg)
O diretor é muito respeitado no meio artístico
Tendo como matéria-prima situações irremediáveis, pesares e dores profundas, o diretor russo Alexander Sokurov é dos mais repeitados nomes da geração que, aos 62 anos, ele representa. Tema de análises e estudos detalhados no meio acadêmico, o cineasta tem mobilizado público com a mostra Poeta visual, de graça, no cinema do Centro Cultural Banco do Brasil. Algumas características e assuntos marcantes da obra do diretor podem ser conferidos nos filmes exibidos neste fim de semana.
Realismo acentuado
A capacidade de Sokurov revolver em temas pesados se projeta, nesta sexta-feira (21/6), às 17h, com a exibição de O segundo círculo. Criação de 1990, a obra — com trabalho impressionante do regular fotógrafo do cineasta, Aleksandr Burov — registra o transtorno e abatimento de um filho que perde o pai, em meio a um ultrarrigoroso inverno. Um realismo acentuado demarca a fita repleta de componentes costumeiros no particular cinema do russo.
Pais e filhos
Um dos pontos de acesso à obra do diretor está na inconstância de relacionamentos entre pais e filhos. Nessa linha, despontam Mãe e filho (domingo, às 19h30) e Pai e filho (sábado, às 20h50). No primeiro, há relevância para os cuidados dispensados por um rapaz que vê a mãe adoecer; o outro é centrado na reciclagem de papéis sociais, destoantes da cartilha esperada. O mesmo senso de metamorfose atravessa A pedra (domingo, às 21h), sobre a relação entre um vigilante do Museu Tchekhov e o próprio escritor (capacitado para uma imaginária segunda vida).
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Absorção pelo poderA perpetuação de uma personalidade mundial também dá a partida para Moloch (sexta-feira, às 20h50), no qual Leonid Mozgovoy encarna ninguém menos do que Hitler. Na fita, um reservado encontro doméstico entre Hitler e Eva Braun é testemunhado por Josef e Magda Goebbels. O filme, por sinal, alcança outro tópico, de modo sistemático, aproveitado por Sokurov: a absorção pelo poder. No título, Moloch, vale lembrar, remete ao demônio bíblico gratificado pelo sacrifício de crianças.
Caráter obsessivo
Ainda na programação do CCBB, Maria (Elegia camponesa), a ser mostrado no sábado, às 19h, com processo de filmagem que chegou até 1988, reforça o caráter obsessivo de Sokurov. Por nove anos, ele acompanhou o rude destino de uma agricultora que definha, junto com um modo de vida simples e baseado em subsistência fadada a desaparecer.