Híbrido entre ficção e documentário, A cidade é uma só? conta uma história em Ceilândia
Finalmente, as tensões sociais que separam as cidades do Distrito Federal são apresentadas com propriedade pelo cinema do DF
Yale Gontijo
Publicação:12/07/2013 06:03Atualização: 11/07/2013 15:17
Quando a realidade já não abarca o retrato todo, a ficção é inserida com os personagens do candidato a deputado distrital Dildu (Dilmar Durães, em atuação brilhante), morador de Ceilândia, faxineiro no Plano Piloto; fundador e único filiado ao Partido da Correria Nacional (PCN). No filme que propõe uma indagação, não há bons e maus. Adirley Queirós (fixando a identidade cineasta ceilandense iniciada nos curtas Rap, o canto da Ceilândia e Dias de greve) propõe uma reflexão sobre os papéis sociais a que são submetidos os daqui e os de lá.
Longa produzido a partir de Ceilândia chega hoje aos cinemas do DF
Finalmente, as tensões sociais que separam as cidades do Distrito Federal são apresentadas com propriedade pelo cinema do DF. A cidade é uma só? é um híbrido entre ficção e documentário. O filme produzido pelo coletivo CeiCine se aproxima em temática ao histórico Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho. Na película sociológica, a utopia da cidade igualitária é derrubada pela realidade. A expulsão dos moradores da Vila do Plano Piloto para longe do centro originou a cidade Ceilândia, a mais populosa do DF atualmente.
Saiba mais...
Numa pista, o filme dirigido por Adirley Queirós é um documentário atualizando a imagem de Ceilândia, centrado na história da cantora e radialista Nancy Araújo, moradora da Vila Iapi e uma das crianças recrutadas para gravar o jingle da Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), na década de 1970, com refrão afirmativo: “A cidade é uma só”. Adulta, Nancy reflete sobre o cinismo do processo de higienização e especulação imobiliária na nova capital, que a empurrou, com a família, para uma região abandonada pelo poder público. Quando a realidade já não abarca o retrato todo, a ficção é inserida com os personagens do candidato a deputado distrital Dildu (Dilmar Durães, em atuação brilhante), morador de Ceilândia, faxineiro no Plano Piloto; fundador e único filiado ao Partido da Correria Nacional (PCN). No filme que propõe uma indagação, não há bons e maus. Adirley Queirós (fixando a identidade cineasta ceilandense iniciada nos curtas Rap, o canto da Ceilândia e Dias de greve) propõe uma reflexão sobre os papéis sociais a que são submetidos os daqui e os de lá.
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