Há uma chance em duas de se acertar a solução de Tese sobre um homicídio. Ganha quem souber se relacionar com provas envolvendo o mistério do assassinato de uma garota, encontrada morta na frente da faculdade onde leciona o genial advogado criminalista Roberto Bermúdez — interpretado pelo ator igualmente genial, e símbolo do cinema argentino, Ricardo Darín. Bermúdez é um profissional respeitado, realizado inclusive como escritor. Mas o fato de um crime insolúvel ter acontecido com tanta proximidade parece a substância correta para a resolução de uma espécie de investigação mestra. Aquela que fecharia a carreira do jurista com brilhantismo.

A investigação criminal (em que não está incluído oficialmente) ocupa parte do tempo de Bermúdez e o consome na obsessão por detalhes. Uma teia vai se fechando em volta do próprio investigador e do melhor aluno da turma do curso de pós-graduação em direito, Gonzalo Ruiz Cordera (Alberto Ammann) — onde ambos se debatem em longas discussões éticas e jurídicas.

O cinema argentino experimentou o período áureo nos anos 1990, com a ascensão de realizadores ousados como Lucrécia Martel. Cada vez mais vai se aproximando do cinema comercial norte-americano, inserindo fórmulas e chamarizes para boas bilheterias. Dirigido pelo estreante Hernán Goldfrid, este bebe em abundância na fonte dos suspenses estadunidenses em estética e conteúdo. Não é uma fita ruim. Longe disso. Mas está distante de se desenvolver com a eloquência visual de O segredo dos seus olhos (2009) ou o roteiro engenhoso de Nove rainhas (2000), só para citar dois dos filmes do mesmo gênero já estrelados por Darín.