Wagner Moura, de Tropa de elite, rouba a cena no filme de ficção Elysium
O ator, que teve uma atuação crível, interpreta o personagem Spider

Com pontuação interessante — mostrando favelão superpovoado, avançadas operações com exoesqueleto e até churrasco em laje —, o sul-africano Neill Blomkamp segue surpreendendo como cineasta. Quatro anos depois de comandar o fenômeno Distrito 9 (com direito a indicações ao Oscar de melhor filme e de roteiro adaptado), ele avança numa Los Angeles de 2154, cinza e ocre, contaminada pela já conhecida tolerância zero por parte dos governantes. Daí surge a emblemática imagem de um ser humano arrastado por robôs.
A cinco dias do próprio óbito, pelo contato com radioatividade, o ex-delinquente Max (Matt Damon) é o terráqueo perseguido da vez. Ele ouve que tem “sorte de ter emprego”, passa por enorme pressão psicológica e se vê em condições desfavoráveis, tal qual a antiga amiga (e atual enfermeira) Frey, interpretada por Alice Braga. Na base do drama da moça, está a condição da filha doente, em etapa terminal de leucemia. Vale a lembrança de que, no longa, há duas castas: os pobres diabos da Terra e aqueles privilegiados que gravitam, abarrotados de benesses, em uma estação espacial.
Com breves passagens monótonas na plataforma rica Elysium, o longa ganha muito crédito pela exposição de sangue. Não se trata de encantamento por chacina, mas pelo aprofundamento (e maior sensação de realismo) de questões exponenciais, escorada em conceitos de violenta exclusão e de mecanismos para a almejada eterna saúde. Impressiona a cena da reconstrução facial, mas, acima das imagens, o discurso encadeado de Blomkamp.