Roteiro eletrizante e atuações marcantes dão o tom a Capitão Phillips
O longa é baseado em episódio real. Protagonista na trama, Tom Hanks é cotado para a premiação do Oscar no ano que vem
“Nós temos um problema”, sublinha o personagem-título de Capitão Phillips, num déjà-vu, com o mesmo Tom Hanks visto em Apollo 13. Inserido em mais um complexo tabuleiro que mescla reencenação e realidade (o filme abraça história real), magistralmente orquestrado por Paul Greengrass, a trajetória do capitão mercante derrete nervos, pela tensão.
O próprio Richard Phillips, que deixou o porto seguro em Vermont para uma corriqueira ação no Chifre da África, participou ativamente da produção, roteirizada por Billy Ray (Jogos vorazes). Já dentro do cargueiro Maersk Alabama, Phillips vê, na prática, a questão do afunilamento da “competição, mais dura”, num mundo globalizado. Na costa somali, em navio sem reforço na segurança, um grupo de oito piratas iça o quesito desespero para um nível antes visto em Incontrolável (2010) e O impossível (2012).
Por maiores que sejam as guinadas a boreste, na embarcação, em terreno macro — pesam no filme, as medidas micro: com os somalis longe da hesitação, e armas bem apontadas em cabeças. Antes das ativas manobras com a força marinha dos Seals, Capitão Phillips acata a alta voltagem psicológica reforçada pelo montador Christopher Rouse (de Voo United 93), parceiro de Greengrass. Estupendo, Tom Hanks (nome de peso para o próximo Oscar) injeta humanidade ao herói dono de tremendo senso de oportunidade e desenvoltura intelectual.