O calor registrado nos termômetros do Brasil nos últimos dias gerou uma piada involuntária relacionada ao marketing do segundo filme da franquia Jogos vorazes, com subtítulo Em chamas. O nome da aventura teen estaria adequado à onda de calor nos trópicos quando, no fundo, serve para anunciar o barril de pólvora em explosão nos distritos da federação de Panem, o país fictício em que a injustiça social é profunda e jovens são escolhidos para participar de um jogo de vida e morte todos os anos. No segundo filme da série baseada nos livros homônimos escritos pela escritora norte-americana Suzanne Collins, encontramos a heroína Katniss Everdeen voltando para casa depois de sobreviver ao desafio da 74ª edição dos Jogos Vorazes.

No Distrito 12, um dos mais pobres da federação, dividida entre o amor adolescente por dois rapazes — Gale (Liam Hemsworth) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson) —, a garota servirá de inspiração para um princípio de rebelião entre os habitantes das regiões mais pobres do país. Apesar de contar com veteranos no elenco, como Stanley Tucci (O diabo veste Prada) e Philip Seymour Hoffman (O mestre), o sucesso da série é medido pela escalada da atriz Jennifer Lawrence, intérprete de Katniss Everdeen, antes e depois de ganhar a estatueta de melhor atriz no Oscar pelo desempenho na comédia O lado bom da vida, de David O. Russel.

Para manter o nome de Jennifer no cartaz, os produtores precisaram aumentar o cachê da estrela e inflacionar o orçamento da continuação: do primeiro filme para o segundo, Jogos vorazes, produção do estúdio Lionsgate, o dinheiro saltou de US$ 78 milhões para US$ 140 milhões. A narrativa passada em um futuro distópico ensina sobre abismo social com estética bizarra e tenta se situar entre o romance pueril e a metáfora social séria. As resenhas de jornalistas estrangeiros anunciam uma continuação sem surpresas, retirada ipsis litteris das páginas do livro, feita na medida para agradar aos que já são fãs da franquia.