Nove pessoas amontoadas, atônitas e apartando uma cena de violência doméstica. Com essa imagem, Álbum de família diz a que veio: retratar pendências que são reativadas em meio a um passado devidamente soterrado. A agitação da fictícia família Weston, no espetáculo criado por Tracy Letts, rendeu não apenas o prêmio Tony de melhor peça (2008). O texto de August: Osage country, adaptado para o cinema pelo diretor John Wells, sacramentou o talento de um roteirsta de cinema: o próprio Letts, autor de obras como Killer Joe: matador de aluguel e Possuídos, ambas apresentadas nas telas pelo criador de O exorcista, William Friedkin.

“No meu tempo, a família permanecia junta”, diz Violet, a matriarca dos Weston, interpretada por Meryl Streep, e que, na trama, agrega todas as filhas forçosamente, por causa de uma circunstância dramática. “Esse hospício é a minha casa”, adianta-se Barbara (Julia Roberts), ao apresentar a fauna em questão. No reencontro, Karen (Juliette Lewis) volta a demonstrar o excesso de volúpia, enquanto Ivy (Julianne Nicholson) segue, por demais, recatada.

Ex-produtor da série de tevê ER, o mesmo diretor de A grande virada (filme que acompanhava reviravoltas em famílias, por casos de sumárias demissões) apostou alto no que promete ser o grande diferencial do longa: as atuações. Para começar, há a presença do dramatugo Sam Shepard, num elenco masculino em que despontam Ewan McGregor, Chris Cooper (Adaptação), Benedict Cumberbatch e Dermot Mulroney (O casamento do meu melhor amigo). Para completar, participam do elenco Abigail Brelin (a menina prodígio de A pequena Miss Sunshine) e Misty Uphan, uma índia Blackfeet que ganhou notoriedade depois do drama independente Rio congelado.