Brasília-DF,
26/ABR/2024

Clássico 'Um corpo que cai', de Hitchcock, reestreia em Brasília; veja a crítica

Um corpo que cai conta a história do detetive Scottie Ferguson (Stewart), que tinha se aposentado porque seu medo de altura contribuiu com a morte de um colega

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Ricardo Daehn Publicação:27/12/2013 06:02Atualização:26/12/2013 15:36
Cena de Um corpo que cai: filme eternizou pontos de São Francisco, como a ponte Golden Gate (Universal Pictures/Divulgação)
Cena de Um corpo que cai: filme eternizou pontos de São Francisco, como a ponte Golden Gate

Numa reestreia de fim de ano, Um corpo que cai, um dos grandes clássicos do diretor Alfred Hitchcock, volta a Brasília 55 anos depois do seu lançamento oficial. O longa, um suspense que trata da obsessão e da tontura — o nome original do filme é vertigem, uma referência ao personagem principal e a sensação que Hitchcock tenta passar com zooms e cortes de câmera —, tem nos papéis principais James Stewart e Kim Novak.

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Um corpo que cai conta a história do detetive Scottie Ferguson (Stewart), que tinha se aposentado porque seu medo de altura contribuiu com a morte de um colega. Ele volta a trabalhar a pedido de seu amigo da faculdade, Gavin Elster (Tom Helmore), que tem desconfiado de sua mulher, Madeleine (Novak), por causa de passeios misteriosos que ela tem feito.

Scottie passa a seguir Madeleine. Mas, ao impedir que a moça cometa sucídio, ele acaba se apaixonando por ela. Numa trama de mistério em que nada é o que parece, Hitchcock está em território que domina.

O longa foi lançado dois anos antes de Psicose, considerado o principal filme de Hitchcock. Um corpo que cai foi gravado em um momento no qual Hitchcock testava novas fórmulas, mas também é considerado uma retomada das origens do diretor, criticado por ter ficado comercial demais em Ladrão de casaca, de 1955. O filme foi muito elogiado pela revista de crítica de cinema francesa Cahiers du cinéma, na época de seu lançamento.


Redimido pelo tempo

Depois de uma vingança contra a misoginia, fonte para Diabólicas (1954) gerado a partir dos escritos de Thomas Narcejac e Pierre Boileau, a mesma dupla de autores alimentou um revés no tema, na visão de Alfred Hitchcock. Aliás, mais precisamente, no ponto de vista do revolucionário designer Saul Bass, criador de uma inesquecível sequência nos créditos de abertura de um filme, pela aplicação de acentuada arte espiral.

Incorporar animação às cenas oníricas também trouxeram inovação para o plano hitchcockiano. Vertigem e tontura fazem parte do bê-á-bá de Scottie, ilhado num tratado de amor e obsessão que redefiniu a relevância das louras nas tramas assinadas pelo mestre do suspense. Duas silhuetas, complementares, fisgam Scottie e são a chave para todo o fanatismo que o consome. Em uma, um neon esverdeado que penetra em um hotel de segunda linha revela o poder de encanto de Judy. Em outra, o contraste verde de um vestido assinado pela célebre figurinista Edith Head contrasta com o sufocante escarlate espalhado no famoso restaurante Ernie’s, em São Francisco.

Algumas locações, por sinal, são eternizadas pelas lentes do costumaz diretor de fotografia Robert Burks (de Os pássaros e Janela indiscreta): da ponte Golden Gate ao etéreo clima captado no cemitério da Missão Dolores, passando pelo enfoque à turística missão espanhola San Juan Bautista. Antes de se tornar clássico (por excelência), Um corpo que cai padeceu, com certo desprezo da imprensa internacional. Reabilitado, o filme se dá ao luxo de um desfecho que ironiza as lembranças amargas do diretor diante das punições nos bancos escolares religiosos que frequentou no passado.

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