Indicado ao Oscar, 'Ela' fala da relação de um homem com a voz de um robô
O diretor Spike Jonze deixa seu personagem à deriva, entregue a um desfecho insosso, enfraquecendo sua crítica ao nosso modo de vida moderno
Yale Gontijo
Publicação:14/02/2014 06:00Atualização: 13/02/2014 14:21
Uma rede de mulheres para o sexo virtual em noites insones, uma “janela lateral do quarto de dormir” com vista para arranha-céus imensos sem sinais de ocupação humana. Esse é o universo de Ela, saído de uma aula de escrita criativa com roteiro e direção de Spike Jonze. Joaquin Phoenix é um escritor frustrado trabalhando como redator de cartas manuscritas, Theodore Twombly. Recém-separado, Twombly perambula pelas ruas de uma cidade planejada para não confortar humanos enquanto resolve questões práticas com a ajuda de seu smartphone e de um fone de ouvido.
Nesse futuro utópico, existem escritores encarregados de escrever cartas manuscritas para enviar a entes queridos porque os parentes se esqueceram de como expressar sentimentos em palavras. E computadores ultrassentimentais recitam lições aos humanos: “O passado é apenas uma história que contamos para nós mesmos”, ensina Samantha. Num futuro, feito por encontros efêmeros, habitantes da cidade mantêm contato com amigos de carne e osso como a documentarista Amy (Amy Adams).
Phoenix alcança o ar melancólico necessário para encarnar o papel de protagonista. Mas na velha história dos seres humanos aprendendo com ajuda das máquinas, sentimos falta da presença dos parafusos de um robô. Spike Jonze — pela primeira vez dirigindo um roteiro de sua autoria, não se parece com o antigo cineasta a dirigir as linhas de um script escrito por aquele que foi seu duplo por um tempo, o roteirista Charlie Kaufman (Quero ser John Malcovich e Adaptação)— deixa seu personagem à deriva, entregue a um desfecho insosso, enfraquecendo sua crítica ao nosso modo de vida moderno.
Curiosidades
A atriz Samantha Morton (Minority Report: a nova lei) esteve no set com Phoenix passando as linhas de diálogo. Na pós-produção, porém, a atriz perdeu a voz para Scarlett Johansson, que compareceu apenas no estúdio de gravação sonora;
Carey Mulligan foi a primeira atriz escolhida para o papel da ex-esposa de Theodore, Catherine, mas recusou o papel por problemas de agenda. Em seu lugar, foi escalada Rooney Mara;
Joaquim Phoenix e Amy Adams passavam uma hora por dia trancados em um recinto. Jonze acreditava que só assim os dois poderiam adquirir o nível de intimidade necessária para apresentar na tela.
Indicações ao Oscar
Melhor filme
Trilha sonora
Roteiro
Melhor canção original
Direção de produção
Joaquin Phoenix vive o escritor Theodore Twomby com competência
Uma rede de mulheres para o sexo virtual em noites insones, uma “janela lateral do quarto de dormir” com vista para arranha-céus imensos sem sinais de ocupação humana. Esse é o universo de Ela, saído de uma aula de escrita criativa com roteiro e direção de Spike Jonze. Joaquin Phoenix é um escritor frustrado trabalhando como redator de cartas manuscritas, Theodore Twombly. Recém-separado, Twombly perambula pelas ruas de uma cidade planejada para não confortar humanos enquanto resolve questões práticas com a ajuda de seu smartphone e de um fone de ouvido.
Saiba mais...
Em um dos ataques de existencialismo em meio a aparatos virtuais se depara com um novo sistema operacional (OS, na sigla em inglês) guiado por uma mulher virtual, Samantha (a voz de veludo de Scarlett Johansson), com capacidade para alterar a percepção do solitário ante a dimensão da vida. “Às vezes, acho que senti tudo que poderia sentir. Não sentirei nunca mais nada inédito, apenas versões mais suaves do que experimentei”, confessa o Romeu a uma Julieta impalpável. Nesse futuro utópico, existem escritores encarregados de escrever cartas manuscritas para enviar a entes queridos porque os parentes se esqueceram de como expressar sentimentos em palavras. E computadores ultrassentimentais recitam lições aos humanos: “O passado é apenas uma história que contamos para nós mesmos”, ensina Samantha. Num futuro, feito por encontros efêmeros, habitantes da cidade mantêm contato com amigos de carne e osso como a documentarista Amy (Amy Adams).
Phoenix alcança o ar melancólico necessário para encarnar o papel de protagonista. Mas na velha história dos seres humanos aprendendo com ajuda das máquinas, sentimos falta da presença dos parafusos de um robô. Spike Jonze — pela primeira vez dirigindo um roteiro de sua autoria, não se parece com o antigo cineasta a dirigir as linhas de um script escrito por aquele que foi seu duplo por um tempo, o roteirista Charlie Kaufman (Quero ser John Malcovich e Adaptação)— deixa seu personagem à deriva, entregue a um desfecho insosso, enfraquecendo sua crítica ao nosso modo de vida moderno.
Curiosidades
A atriz Samantha Morton (Minority Report: a nova lei) esteve no set com Phoenix passando as linhas de diálogo. Na pós-produção, porém, a atriz perdeu a voz para Scarlett Johansson, que compareceu apenas no estúdio de gravação sonora;
Carey Mulligan foi a primeira atriz escolhida para o papel da ex-esposa de Theodore, Catherine, mas recusou o papel por problemas de agenda. Em seu lugar, foi escalada Rooney Mara;
Joaquim Phoenix e Amy Adams passavam uma hora por dia trancados em um recinto. Jonze acreditava que só assim os dois poderiam adquirir o nível de intimidade necessária para apresentar na tela.
Indicações ao Oscar
Melhor filme
Trilha sonora
Roteiro
Melhor canção original
Direção de produção