Filme 12 anos de escravidão estreia no Brasil nesta sexta-feira
O longa, de Steve McQueen possui nove indicações ao Oscar
Numa instância surreal que expõe um mundo de expressões degradantes e na qual a vigente lei dos mais poderosos é ultrajante, o mais novo longa do londrino Steve McQueen abraça a humanidade no auge da sua pequenez, repleta de “comportamentos imorais”. O sólido roteiro é assinado por John Ridley (de Reviravolta, de Oliver Stone). O crédito involuntário, entretanto, recai sobre Solomon Northup, com sofrimento imprescindível, que pulsa em 12 anos de escravidão.
Northup (Chiwetel Ejiofor), um homem livre, vê revertida a generosidade “extraordinária” de desconhecidos (celebrando sua presença em Washington) numa condição violenta que lhe rotula de “negro fujão” da Geórgia, sob a nova (e imposta) identidade de Platt. Para sobreviver, ele é instruído a dizer e a fazer o mínimo possível, mas reluta: “eu quero viver”. Mais uma vez, McQueen (de Shame e Hunger) administra situações-limites.
A ambivalência é um componente vigoroso para a narrativa, que comporta injustiças seculares. Com calibre de ouro, os retratos dos escravos Northup e Patsey (Lupita Nyog’o) são assombrosos, em especial, quando interagem numa doente convivência pacífica com Epps. Patsey, um patológico talismã de Epps, encara o suicídio como alternativa misericordiosa. Alquebrados, numa realidade anterior à da Guerra Civil, tanto Ejiofor quanto Nyog’o dão vida a personagens que dispensam piedade. Íntegros, pairam acima da própria realidade.