Matthew McConaughey interpreta um "babaca homofóbico" em filme; confira a crítica
De Jean-Marc, Clube de compras Dallas estreia nesta sexta-feira (21/2) na cidade
Há um avanço dramatúrgico, quando justapostos Filadélfia (que, há 20 anos, rendeu Oscar a Tom Hanks) e Clube de compras Dallas: enquanto, versando sobre Aids, um convidava ao drama fatalista, o outro, atual, segue a corrente mais otimista, com o protagonista arregaçando as mangas (e se desvestindo de preconceitos). Mesmo em seu heroísmo, Ron Woodroof — personagem de Matthew McConaughey taxado, momentaneamente, de “babaca homofóbico” — traz um amontoado de imperfeições, lamentando os hábitos mais íntimos do astro Rock Hudson, dispensando preservativos e cultivando uma etapa de negação, ao receber ultimato de 30 dias, para colocar “as coisas em ordem”.
Diretor do agridoce C.R.A.Z.Y. — Loucos de amor (2005), o canadense Jean-Marc Vallée assina um drama integrado por dor e pela afronta a leis — com Woodroof escarnecendo a Receita Federal e tripudiando dos ditos grupos de risco. Um dos méritos do roteiro feito pelos praticamente principiantes Craig Borten e Melisa Wallack é o de registrar (com a seca inclinação documental) o estado de rusticidade do texano embalado por Kenny Rogers e conceitos inflexíveis (como a preferência por “morrer de botas”).
Sob a solidariedade da médica Eve (Jennifer Garner) e apostando numa espécie de pirâmide de financiamento pró-vida (sustentada pelos que rotulavam de “baitolas”), o protagonista terá ampla estrada para se sentir “gente, de novo”. As pazes com a vida brotam da emblemática cena de um mero aperto de mãos. Na bandeira da igualdade, os premiadíssimos Matthew McConaughey e Jared Leto (a “senhorita homem”, como Ron alardeia) brilham, num daqueles breves momentos mágicos do cinema.