Na continuação de O âncora, Will Ferrell faz rir com piadas de gosto duvidoso
Arriscando a simpatia da fita, o roteiro envereda para humor discutível, sob o prisma do politicamente correto
Ricardo Daehn
Publicação:28/02/2014 06:00Atualização: 27/02/2014 14:33
Novos tempos (situados nos anos 1980), novo cenário: agora, trata-se de Nova York — com essas mudanças, Will Ferrell protagoniza as desventuras do apresentador de telejornal Ron Burgundy (há dez anos, visto em O âncora).
Numa vibração cômica assemelhada à dos filmes de David e Jerry Zucker (Apertem os cintos… O piloto sumiu), Ron tem pela frente o reencontro com os parceiros Brick (o gaiato Steve Carell), Champ (David Koechner) e Brian (Paul Rudd), que apela para o erotismo como fotógrafo de gatos.
Depois de enfrentar um hilário acidente na estrada, que parece chupado do revolucionário A origem, o quarteto terá entre os desafios encarar a nova chefe Linda Jackson (a fraca Meagan Good). Arriscando a simpatia da fita, o roteiro envereda para humor discutível, sob o prisma do politicamente correto.
O fato é que Linda é negra, e os humoristas jogam com elementos daquilo que Ron determina como “sexo interracial”. A fita descamba para o filão do besteirol, com risadas em torno de cegueira e do tratamento bizarro entre parentes. O segmento culinário voltado à prática do aquecimento de crack e o insuperável olhar de louco de Carell também divertem.
Três perguntas // David Koechner
“No Tudo por um furo, meu personagem está completamente caído pelo de Will Ferrell”, entrega, às gargalhadas o comediante David Koechner. Na trama da fita de Ferrell, que Koechner, na vida real admira, ele ressalta uma forte mudança. Na primeira parte, feita há dez anos (chamada de O âncora — a lenda de Ron Burgundy), tratava da relação homem e mulher, enquanto, agora, há concentração do comprometimento das personagens (repórteres de pouco respeito) com a notícia.
A que você atribui a voltagem de humor entre Will Ferrell, Paul Rudd, Steve Carell e você? Em especial, na cena do trailer…
É realmente uma química muito particular a que nós quatro temos. Acredito que venha do comprometimento mantido para realmente trazer o que de melhor podemos. Todos somos muito dados e é quase uma arruaça o que promovemos juntos. Não se trata de “mim”, de “você”; é o “nós” que prevalece. No trailer, foram dois dias e realizamos tudo em múltiplas plataformas. Atuamos num set semelhante ao do trailer, com uma estrutura que girava e tivemos ainda um fundo verde (para ser trabalhado na pós-produção) no qual você se torna praticamente um títere nas mãos da equipe.
Como você foge a rótulos, na carreira de ator?
Para fugir disso, invisto em personagens que me distanciam do esperado. Tenho obtido sucesso: indo de Tudo por um furo até o televisivo The office. Fiz shows infantis como Hannah Montana e o filme Os seus, os meus e os nossos, que foram destinados à família. Numa análise mais detida, percebem que sou capaz de diversificar. Mês que vem, estarei no longa Cheap Thrills. É um drama com um sociopata, ao lado da mulher: esse casal encontra homens pobres e dispostos a conseguir dinheiro numa espécie de jogo. Tudo desemboca em algo obscuro e sinistro. “Si muy siniestra la película!” (gargalhadas).
Como arriscar alto, com o trocadilho tão infame como Tudo por um furo?
Não controlo isso, mas, uma vez que achem divertido, e a expressão seja engraçada, acho tudo ok. Contanto que não haja um choque na plateia. Vocês brasileiros, aliás, são mais avançados: não são ternos e puros como os norte-americanos (risos). Nos Estados Unidos, acho que haveria um relativo choque. Brasileiros são progressistas e já passaram pela contracultura. Em vocês, existe mais calor e afetuosidade.
Quarteto de jornalistas enfrenta jornada à frente de um novo canal de notícias
Novos tempos (situados nos anos 1980), novo cenário: agora, trata-se de Nova York — com essas mudanças, Will Ferrell protagoniza as desventuras do apresentador de telejornal Ron Burgundy (há dez anos, visto em O âncora).
Numa vibração cômica assemelhada à dos filmes de David e Jerry Zucker (Apertem os cintos… O piloto sumiu), Ron tem pela frente o reencontro com os parceiros Brick (o gaiato Steve Carell), Champ (David Koechner) e Brian (Paul Rudd), que apela para o erotismo como fotógrafo de gatos.
Saiba mais...
Pouco entrosado com o amor, Ron se afunda no trabalho, na rede promissora GNN, bem na época em que se desconfiava que a MTV fosse sigla para uma “nova doença venérea”. Depois de enfrentar um hilário acidente na estrada, que parece chupado do revolucionário A origem, o quarteto terá entre os desafios encarar a nova chefe Linda Jackson (a fraca Meagan Good). Arriscando a simpatia da fita, o roteiro envereda para humor discutível, sob o prisma do politicamente correto.
O fato é que Linda é negra, e os humoristas jogam com elementos daquilo que Ron determina como “sexo interracial”. A fita descamba para o filão do besteirol, com risadas em torno de cegueira e do tratamento bizarro entre parentes. O segmento culinário voltado à prática do aquecimento de crack e o insuperável olhar de louco de Carell também divertem.
Três perguntas // David Koechner
“No Tudo por um furo, meu personagem está completamente caído pelo de Will Ferrell”, entrega, às gargalhadas o comediante David Koechner. Na trama da fita de Ferrell, que Koechner, na vida real admira, ele ressalta uma forte mudança. Na primeira parte, feita há dez anos (chamada de O âncora — a lenda de Ron Burgundy), tratava da relação homem e mulher, enquanto, agora, há concentração do comprometimento das personagens (repórteres de pouco respeito) com a notícia.
É realmente uma química muito particular a que nós quatro temos. Acredito que venha do comprometimento mantido para realmente trazer o que de melhor podemos. Todos somos muito dados e é quase uma arruaça o que promovemos juntos. Não se trata de “mim”, de “você”; é o “nós” que prevalece. No trailer, foram dois dias e realizamos tudo em múltiplas plataformas. Atuamos num set semelhante ao do trailer, com uma estrutura que girava e tivemos ainda um fundo verde (para ser trabalhado na pós-produção) no qual você se torna praticamente um títere nas mãos da equipe.
Como você foge a rótulos, na carreira de ator?
Para fugir disso, invisto em personagens que me distanciam do esperado. Tenho obtido sucesso: indo de Tudo por um furo até o televisivo The office. Fiz shows infantis como Hannah Montana e o filme Os seus, os meus e os nossos, que foram destinados à família. Numa análise mais detida, percebem que sou capaz de diversificar. Mês que vem, estarei no longa Cheap Thrills. É um drama com um sociopata, ao lado da mulher: esse casal encontra homens pobres e dispostos a conseguir dinheiro numa espécie de jogo. Tudo desemboca em algo obscuro e sinistro. “Si muy siniestra la película!” (gargalhadas).
Como arriscar alto, com o trocadilho tão infame como Tudo por um furo?
Não controlo isso, mas, uma vez que achem divertido, e a expressão seja engraçada, acho tudo ok. Contanto que não haja um choque na plateia. Vocês brasileiros, aliás, são mais avançados: não são ternos e puros como os norte-americanos (risos). Nos Estados Unidos, acho que haveria um relativo choque. Brasileiros são progressistas e já passaram pela contracultura. Em vocês, existe mais calor e afetuosidade.