Trilha sonora é o grande destaque na segunda parte da animação Rio
Os números musicais, em apresentações à la Ídolos, são uma atração à parte. Há outro flanco, porém, da história, e diz respeito aos "ecochatos" de plantão
Ricardo Daehn
Publicação:28/03/2014 06:00
Em vez da brisa, debaixo da sombra de uma árvore, o uso da geladeira; no lugar do entretenimento ao ar livre, televisão e — na heresia suprema, ao menos para pássaros — substituindo a sonoridade dos companheiros, músicas de iPod. Desalentador, a princípio, o cenário para os protagonistas de Rio 2 — grupo formado pela nova família da pacata ararinha-azul Blu — não demora a mudar.
“Quão bom é o amor” faz parte do refrão de um eterno trunfo nos bem-humorados filmes de Carlos Saldanha: a música. Repetindo parceria, o músico John Powell (O lorax) e o produtor musical Sérgio Mendes (ao lado de Carlinhos Brown) ganham reforço de peso na trilha: Barbatuques e Uakti.
Desmatamento
Há outro flanco, porém, da história, e diz respeito aos “ecochatos” de plantão, na avaliação dos madereiros que habitam Rio 2, igualmente voltado para as crianças menores, como foi o primeiro filme da franquia, lançado em 2011. Longe do cativeiro (em que residem na vida real), os pássaros recorrem ao lema “Ararinhas, unidas, jamais serão extintas”, partindo para a integração junto de parentes afastados. No mesmo caminho deles, está a microexpedição de Linda (a ex-proprietária de Blu) e do marido dela, Tulio (o ornitólogo que leva a voz de Rodrigo Santoro).
A devastação é um dos temas explorados (por sorte, sem muita reiteração) na produção, que também mostra a disputa por comida num santuário ecológico. Além de trazer explosão de cores e coreografias vistosas (que dialogam com a cultura popular nacional), o mesmo diretor de A era do gelo injeta uma penca de novos (e interessantes) personagens. Do tamanduá Carlitos à rã tóxica Gabi (submissa, num amor impossível sentido pela perversa cacatua-macho Nigel), muitos coadjuvantes chamam a atenção, no bem embalado roteiro.
Com corte escovinha, o sogro de Blu, Eduardo, é uma figuraça que apara as penas (e liberdades) do genro: “Você (Blu), me chama de senhor” (e não de “vovô”, como o ingênuo passarinho arrisca). Chamado de Bilu e Lulu (por “equívoco” do sogro), Blu — condenado pelo uso de pochete e GPS, no processo de aculturação — ainda vai gerar enorme graça pela disputa mantida pelo invejável Roberto, ex-namorado da heroína Jade (que é casada com Blu).
A devastação da floresta amazônica é um dos temas abordados na animação
Em vez da brisa, debaixo da sombra de uma árvore, o uso da geladeira; no lugar do entretenimento ao ar livre, televisão e — na heresia suprema, ao menos para pássaros — substituindo a sonoridade dos companheiros, músicas de iPod. Desalentador, a princípio, o cenário para os protagonistas de Rio 2 — grupo formado pela nova família da pacata ararinha-azul Blu — não demora a mudar.
“Quão bom é o amor” faz parte do refrão de um eterno trunfo nos bem-humorados filmes de Carlos Saldanha: a música. Repetindo parceria, o músico John Powell (O lorax) e o produtor musical Sérgio Mendes (ao lado de Carlinhos Brown) ganham reforço de peso na trilha: Barbatuques e Uakti.
Saiba mais...
Com o carnaval prenunciado, está aberto o pretexto para que as araras (com os amigos Nico e Rafael) invadam a Amazônia, palco para a sessão de caça-talentos a serem incorporados à festividade carioca. Os números musicais, em apresentações à la Ídolos, são uma atração à parte. As lentas tartarugas capoeiristas (ao som de berimbau) e a expressiva capivara se destacam numa concorrência alastrada de instintos primitivos. Vale até Gloria Gaynor, em versão surpreendente.Desmatamento
Há outro flanco, porém, da história, e diz respeito aos “ecochatos” de plantão, na avaliação dos madereiros que habitam Rio 2, igualmente voltado para as crianças menores, como foi o primeiro filme da franquia, lançado em 2011. Longe do cativeiro (em que residem na vida real), os pássaros recorrem ao lema “Ararinhas, unidas, jamais serão extintas”, partindo para a integração junto de parentes afastados. No mesmo caminho deles, está a microexpedição de Linda (a ex-proprietária de Blu) e do marido dela, Tulio (o ornitólogo que leva a voz de Rodrigo Santoro).
A devastação é um dos temas explorados (por sorte, sem muita reiteração) na produção, que também mostra a disputa por comida num santuário ecológico. Além de trazer explosão de cores e coreografias vistosas (que dialogam com a cultura popular nacional), o mesmo diretor de A era do gelo injeta uma penca de novos (e interessantes) personagens. Do tamanduá Carlitos à rã tóxica Gabi (submissa, num amor impossível sentido pela perversa cacatua-macho Nigel), muitos coadjuvantes chamam a atenção, no bem embalado roteiro.
Com corte escovinha, o sogro de Blu, Eduardo, é uma figuraça que apara as penas (e liberdades) do genro: “Você (Blu), me chama de senhor” (e não de “vovô”, como o ingênuo passarinho arrisca). Chamado de Bilu e Lulu (por “equívoco” do sogro), Blu — condenado pelo uso de pochete e GPS, no processo de aculturação — ainda vai gerar enorme graça pela disputa mantida pelo invejável Roberto, ex-namorado da heroína Jade (que é casada com Blu).