'Noé', saga bíblica dirigida por Darren Aronofsky, estreia em Brasília
Filmes baseados em histórias sagradas são novo filão da indústria cinematográfica
Mariana Peixoto
Estado de Minas
Publicação:03/04/2014 10:49
Antes da exibição de Noé, há duas semanas, durante pré-estreia no Rio de Janeiro que contou com a participação de seu protagonista, o neozelandês Russell Crowe, foi exibido um trecho de Transformers: a era da extinção, que chega aos cinemas em julho. Ao final da narrativa, baseada na história bíblica do Antigo Testamento, muita gente falava sobre a coincidência do trailer. Não é difícil entender o porquê, pois ao longo de 138 minutos o cineasta Darren Aronofsky fez uma leitura muito pessoal da história bíblica. O exemplo que melhor salta aos olhos de qualquer espectador, leitor ou não da Bíblia, é a presença de um grupo de personagens que têm um quê dos protagonistas da franquia do diretor Michael Bay. São gigantes de pedra que ajudam Noé a construir a arca que salva a humanidade. O material é outro (os transformers são de aço), mas o efeito é semelhante.
Noé, que abre hoje a temporada de filmes inspirados em narrativas bíblicas, chega aos cinemas brasileiros tentando se tornar o arrasa-quarteirão da vez. Nos Estados Unidos, estreou semana passada com barulho: fez US$ 44 milhões em seu primeiro fim de semana, alcançando o primeiro lugar. Aqui, terá como concorrência uma ararinha-azul (na Grande BH, 32 salas exibem a partir de hoje Noé, contra 41 que continuam com Rio 2). Aronofsky, cineasta que alcançou prestígio com Cisne negro (2010) e Réquiem para um sonho (2000), traz aqui como principal referência um filme menos conhecido: Fonte da vida, de 2006, que mistura três narrativas em tempos distintos para fazer um tratado sobre a existência humana. Música grandiloquente e cores excessivas foram alguns dos artifícios utilizados para dar mais dimensão ao drama.
Interessado desde a adolescência na história de Noé (aos 13 anos foi premiado na escola depois de escrever um texto sobre ele), Aronofsky tenta aqui humanizar o personagem, colocando-o como um homem cheio de culpa, medo e raiva, que apenas cumpriu uma tarefa divina. “Queria que este Noé parecesse original, imediato e verdadeiro”, afirmou o diretor. Crowe, que até o filme conhecia de maneira rasteira a história, comunga com o cineasta sobre o personagem. “Noé é um conto predominante na história da humanidade. Todos os textos religiosos o citam, então comecei a percebê-lo não como uma história religiosa, e sim como uma experiência. Ele é só um homem, que não foi escolhido porque é bom, mas porque conseguiria realizar a tarefa”, disse o ator.
Na versão de Aronofsky, Noé (Crowe), sua mulher Naameh (Jennifer Connelly), seus três filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logam Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll), mais Ila (Emma Watson), menina criada pela família, constroem, com a ajuda dos já supracitados gigantes, uma imensa arca. A partir dela, tanto eles quanto os pares de cada espécie de animais sobre a Terra podem se salvar do apocalipse que Deus lança para terminar com a raça humana, dominada pela ira dos descendentes de Caim. Estes, por meio de muito sangue e morte, tentam, a todo custo, também entrar na arca. O primeiro grupo conta com a ajuda de Matusalém (Anthony Hopkins), avô de Noé, um personagem um tanto sobrenatural.
O diretor criou uma narrativa que tem uma divisão marcante – o dilúvio, como não poderia deixar de ser, que só ocorre após uma hora e 15 minutos de projeção. A primeira parte é mais voltada para a história bíblica, a segunda recai para o drama pessoal. Abusando da computação gráfica – os animais foram todos criados em computador –, Aronofsky pôde se dar ao luxo de ter uma arca real, construída do zero. Nesse momento, a equipe do filme tentou ser literal. Seguiu à risca o que está escrito na Bíblia, tanto que a arca é como uma imensa caixa em madeira, em formato de retângulo, que não tem nada a ver com as representações de um navio vistas em outras produções.
Assista ao trailer de Noé:
Ainda este ano
» 17 de abril – O filho de Deus
No ano passado, o canal History Channel lançou a minissérie A Bíblia, dirigida por Christopher Spencer, que em 10 episódios recriou as principais narrativas do Antigo e Novo Testamentos – no Brasil, a produção foi exibida tanto no History quanto na Record. Jesus Cristo (aqui vivido pelo ator português Diogo Morgado) só aparece na metade da série. O longa-metragem é centrado na história de Cristo, do nascimento à ressurreição. Na edição para o cinema há cenas que foram exibidas na série e outras inéditas.
» 25 de dezembro – Exodus: gods and kings
Com lançamento previsto para o Natal, o épico dirigido por Ridley Scott traz elenco de peso: Christian Bale, Aaron Paul, John Edgerton, Ben Kingsley e Sigourney Weaver. O cineasta conta a história do segundo livro do Antigo Testamento, que destaca a vida e morte do profeta Moisés (Bale), que conduz os israelistas do Egito até o Monte Sinai, atravessando o deserto e o Mar Vermelho. Scott ainda vai assinar a produção da minissérie Killing Jesus (Matando Jesus), prevista para 2015.
Antes da exibição de Noé, há duas semanas, durante pré-estreia no Rio de Janeiro que contou com a participação de seu protagonista, o neozelandês Russell Crowe, foi exibido um trecho de Transformers: a era da extinção, que chega aos cinemas em julho. Ao final da narrativa, baseada na história bíblica do Antigo Testamento, muita gente falava sobre a coincidência do trailer. Não é difícil entender o porquê, pois ao longo de 138 minutos o cineasta Darren Aronofsky fez uma leitura muito pessoal da história bíblica. O exemplo que melhor salta aos olhos de qualquer espectador, leitor ou não da Bíblia, é a presença de um grupo de personagens que têm um quê dos protagonistas da franquia do diretor Michael Bay. São gigantes de pedra que ajudam Noé a construir a arca que salva a humanidade. O material é outro (os transformers são de aço), mas o efeito é semelhante.
Noé, que abre hoje a temporada de filmes inspirados em narrativas bíblicas, chega aos cinemas brasileiros tentando se tornar o arrasa-quarteirão da vez. Nos Estados Unidos, estreou semana passada com barulho: fez US$ 44 milhões em seu primeiro fim de semana, alcançando o primeiro lugar. Aqui, terá como concorrência uma ararinha-azul (na Grande BH, 32 salas exibem a partir de hoje Noé, contra 41 que continuam com Rio 2). Aronofsky, cineasta que alcançou prestígio com Cisne negro (2010) e Réquiem para um sonho (2000), traz aqui como principal referência um filme menos conhecido: Fonte da vida, de 2006, que mistura três narrativas em tempos distintos para fazer um tratado sobre a existência humana. Música grandiloquente e cores excessivas foram alguns dos artifícios utilizados para dar mais dimensão ao drama.
Interessado desde a adolescência na história de Noé (aos 13 anos foi premiado na escola depois de escrever um texto sobre ele), Aronofsky tenta aqui humanizar o personagem, colocando-o como um homem cheio de culpa, medo e raiva, que apenas cumpriu uma tarefa divina. “Queria que este Noé parecesse original, imediato e verdadeiro”, afirmou o diretor. Crowe, que até o filme conhecia de maneira rasteira a história, comunga com o cineasta sobre o personagem. “Noé é um conto predominante na história da humanidade. Todos os textos religiosos o citam, então comecei a percebê-lo não como uma história religiosa, e sim como uma experiência. Ele é só um homem, que não foi escolhido porque é bom, mas porque conseguiria realizar a tarefa”, disse o ator.
Na versão de Aronofsky, Noé (Crowe), sua mulher Naameh (Jennifer Connelly), seus três filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logam Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll), mais Ila (Emma Watson), menina criada pela família, constroem, com a ajuda dos já supracitados gigantes, uma imensa arca. A partir dela, tanto eles quanto os pares de cada espécie de animais sobre a Terra podem se salvar do apocalipse que Deus lança para terminar com a raça humana, dominada pela ira dos descendentes de Caim. Estes, por meio de muito sangue e morte, tentam, a todo custo, também entrar na arca. O primeiro grupo conta com a ajuda de Matusalém (Anthony Hopkins), avô de Noé, um personagem um tanto sobrenatural.
O diretor criou uma narrativa que tem uma divisão marcante – o dilúvio, como não poderia deixar de ser, que só ocorre após uma hora e 15 minutos de projeção. A primeira parte é mais voltada para a história bíblica, a segunda recai para o drama pessoal. Abusando da computação gráfica – os animais foram todos criados em computador –, Aronofsky pôde se dar ao luxo de ter uma arca real, construída do zero. Nesse momento, a equipe do filme tentou ser literal. Seguiu à risca o que está escrito na Bíblia, tanto que a arca é como uma imensa caixa em madeira, em formato de retângulo, que não tem nada a ver com as representações de um navio vistas em outras produções.
Assista ao trailer de Noé:
Ainda este ano
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No ano passado, o canal History Channel lançou a minissérie A Bíblia, dirigida por Christopher Spencer, que em 10 episódios recriou as principais narrativas do Antigo e Novo Testamentos – no Brasil, a produção foi exibida tanto no History quanto na Record. Jesus Cristo (aqui vivido pelo ator português Diogo Morgado) só aparece na metade da série. O longa-metragem é centrado na história de Cristo, do nascimento à ressurreição. Na edição para o cinema há cenas que foram exibidas na série e outras inéditas.
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