Filme 7 caixas dialoga com a linguagem do brasileiro 'Cidade de Deus'
O longa de sucesso traz suspense e comédia em uma feira paraguaia
Ricardo Daehn
Publicação:25/04/2014 06:00Atualização: 24/04/2014 14:34
Um filme com o parco orçamento de US$ 500 mil, um roteirista autodidata e dois elementos complementares — diversão e um apelo humanista (aos moldes do argentino Juán José Campanella) — renderam o maior êxito do cinema paraguaio. O riquíssimo caldeirão cultural de uma feira — no caso, ambientada em Assunção — traz a atmosfera autêntica em que se esbarrarão os incontáveis tipos do filme que mistura situações de suspense e de comédia capaz de acumular 27 prêmios internacionais.
Concorrente latino-americano ao importante prêmio Goya, a fita explicita a relação de cumplicidade profissional entre os codiretores Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori. A agilidade de um enredo assentado em meio dia de ação até acoberta alguns problemas como a atuação meio rasa de alguns amadores. Mas não há como o público deixar de vibrar com a trajetória do rapaz Víctor (Celso Franco), um carreteiro do emblemático Mercado Municipal Número 4, metido em sucessivas confusões.
Como uma bola de neve, o roteiro (aprimorado ao longo de 13 anos) sai encavalando peripécias para Víctor, que conta com a lealdade de Liz (Lali González), um talismã para a curiosa via-crúcis movida à bizarra promessa financeira. Com metade de uma cédula de US$ 100 em mãos, Víctor deve despistar criminosos, uma vez que — pelo dinheiro e pela vontade de consumir produtos tecnológicos (talvez até desnecessários) — se mete no transporte de sete caixas cujo conteúdo desconhece.
Conversando em parte com a realidade brasileira, dona de encantos e exportadora de vícios cinematográficos embutidos em filmes como Cidade de Deus e Tropa de elite, 7 caixas vem embalado pelo tipo de criatividade que move o chamado subdesenvolvimento. Tira leite de pedra, mas, na mesma medida, vitalidade de um cinema embrionário e que suplanta o discurso de vitimização do subúrbio.
Vencedor do 2º Festival Internacional de Cinema de Brasília (o Biff), 7 caixas se vale de dados do consagrado thriller, mas com humor e leveza, em primeiro plano. Policiais fanfarrões, algumas brincadeiras com estereótipos culturais e a existência de um perigoso celular (que faz as vezes de GPS) — tudo isso sob a curiosidade de um filme falado em guarani — levam ao entendimento da enorme comunicação com o público. Não é de surpreender que o filme tenha conquistado uma leva de admiradores, nos cinco meses em cartaz, em território natal. Um produto paraguaio com irreparável qualidade: é bem autêntico e universal.
Assista ao trailer de 7 Caixas:
7 caixas chega ao Brasil credenciado como o maior sucesso da história do cinema paraguaio
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Um filme com o parco orçamento de US$ 500 mil, um roteirista autodidata e dois elementos complementares — diversão e um apelo humanista (aos moldes do argentino Juán José Campanella) — renderam o maior êxito do cinema paraguaio. O riquíssimo caldeirão cultural de uma feira — no caso, ambientada em Assunção — traz a atmosfera autêntica em que se esbarrarão os incontáveis tipos do filme que mistura situações de suspense e de comédia capaz de acumular 27 prêmios internacionais.
Concorrente latino-americano ao importante prêmio Goya, a fita explicita a relação de cumplicidade profissional entre os codiretores Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori. A agilidade de um enredo assentado em meio dia de ação até acoberta alguns problemas como a atuação meio rasa de alguns amadores. Mas não há como o público deixar de vibrar com a trajetória do rapaz Víctor (Celso Franco), um carreteiro do emblemático Mercado Municipal Número 4, metido em sucessivas confusões.
Como uma bola de neve, o roteiro (aprimorado ao longo de 13 anos) sai encavalando peripécias para Víctor, que conta com a lealdade de Liz (Lali González), um talismã para a curiosa via-crúcis movida à bizarra promessa financeira. Com metade de uma cédula de US$ 100 em mãos, Víctor deve despistar criminosos, uma vez que — pelo dinheiro e pela vontade de consumir produtos tecnológicos (talvez até desnecessários) — se mete no transporte de sete caixas cujo conteúdo desconhece.
Conversando em parte com a realidade brasileira, dona de encantos e exportadora de vícios cinematográficos embutidos em filmes como Cidade de Deus e Tropa de elite, 7 caixas vem embalado pelo tipo de criatividade que move o chamado subdesenvolvimento. Tira leite de pedra, mas, na mesma medida, vitalidade de um cinema embrionário e que suplanta o discurso de vitimização do subúrbio.
Vencedor do 2º Festival Internacional de Cinema de Brasília (o Biff), 7 caixas se vale de dados do consagrado thriller, mas com humor e leveza, em primeiro plano. Policiais fanfarrões, algumas brincadeiras com estereótipos culturais e a existência de um perigoso celular (que faz as vezes de GPS) — tudo isso sob a curiosidade de um filme falado em guarani — levam ao entendimento da enorme comunicação com o público. Não é de surpreender que o filme tenha conquistado uma leva de admiradores, nos cinco meses em cartaz, em território natal. Um produto paraguaio com irreparável qualidade: é bem autêntico e universal.
Assista ao trailer de 7 Caixas: