Política, suborno e complexidade integram o roteiro do filme Getúlio
Autor da minissérie Amores roubados, George Moura é outro que brilha, sem escorregões, no roteiro do filme
Ricardo Daehn
Publicação:02/05/2014 06:04Atualização: 02/05/2014 08:24
Com mais de 80 homens na guarda presidencial, um arqui-inimigo declarado (o vingativo Carlos Lacerda, interpretado por Alexandre Borges) e galopante colapso entre governo e oposição, Getúlio Vargas vive, ainda que sem toda a garra de Tony Ramos. Comportamentos “incompatíveis” com a democracia e uma turva conjuntura abrem campo para a renúncia. Uma resistência acuada, sob argumentações ladeadas pela agitação de agentes conspiratórios povoam a produção.
Intrigas shakespearianas batem na tela, com tempero brasileiro, já que, com a atuação do segurança do presidente, Gregório Fortunato (Thiago Justino), desencadeia uma rede de suborno. Algo de Rei Lear desponta nos sorrateiros movimentos da prole de Vargas. Estratégias diplomáticas e mentiras plantadas tomam parte num complexo tabuleiro político incrementado pela onipresença da filha Alzira (a excelente Drica Moraes), capaz de dominar, igualmente, frieza e afeto.
Um dos grandes acertos do diretor João Jardim está na montagem. Autor da minissérie Amores roubados, George Moura é outro que brilha, sem escorregões, no roteiro inserido no movediço terreno dos retratos históricos. Ao contrário de Olga, as frases pomposas (como “estuário de lama e sangue”) e a rigorosa construção do discurso de Vargas, em bola redonda repassada pela figura do intelectual José Soares Maciel Filho (Fernando Eiras), dão toque diferenciado ao desfile de tipos curiosos como o vice-presidente Café Filho (Jackson Antunes).
Tony Ramos dá vida a um Vargas acuado por conspirações contra seu governo
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Com mais de 80 homens na guarda presidencial, um arqui-inimigo declarado (o vingativo Carlos Lacerda, interpretado por Alexandre Borges) e galopante colapso entre governo e oposição, Getúlio Vargas vive, ainda que sem toda a garra de Tony Ramos. Comportamentos “incompatíveis” com a democracia e uma turva conjuntura abrem campo para a renúncia. Uma resistência acuada, sob argumentações ladeadas pela agitação de agentes conspiratórios povoam a produção.
Intrigas shakespearianas batem na tela, com tempero brasileiro, já que, com a atuação do segurança do presidente, Gregório Fortunato (Thiago Justino), desencadeia uma rede de suborno. Algo de Rei Lear desponta nos sorrateiros movimentos da prole de Vargas. Estratégias diplomáticas e mentiras plantadas tomam parte num complexo tabuleiro político incrementado pela onipresença da filha Alzira (a excelente Drica Moraes), capaz de dominar, igualmente, frieza e afeto.
Um dos grandes acertos do diretor João Jardim está na montagem. Autor da minissérie Amores roubados, George Moura é outro que brilha, sem escorregões, no roteiro inserido no movediço terreno dos retratos históricos. Ao contrário de Olga, as frases pomposas (como “estuário de lama e sangue”) e a rigorosa construção do discurso de Vargas, em bola redonda repassada pela figura do intelectual José Soares Maciel Filho (Fernando Eiras), dão toque diferenciado ao desfile de tipos curiosos como o vice-presidente Café Filho (Jackson Antunes).