X-men apresenta mutantes que convivem com a dicotomia entre o bom e o mau
No longa 'Dias de um futuro esquecido', os X-mens viajam no tempo para garantir a sobrevivência de sua raça
Ricardo Daehn
Publicação:23/05/2014 06:01Atualização: 23/05/2014 13:38
Foi uma década de lacuna, mas o bom filho a casa torna: Bryan Singer, figura de ponta na turbinada direção dos filmes de heróis, está de volta, e com vocação para o êxito. Esqueça Superman: o retorno e Operação Valquíria. Singer entende de cenas de mutantes, sempre acuados, capazes do teletransporte, da virada de casaca (na hora certa), de causar histeria coletiva e de, mesmo em péssima conjuntura, atender à cobrança de compaixão imposta pelo mentor Professor X (em momentos distintos, interpretado por James McAvoy e Patrick Stewart).
Não há como negar o desequilíbrio nas aparições de personagens como Apache, Bishop, Mancha Solar, Homem de Gelo e Tempestade - muito condicionados à figuração, nas ações estabelecidas em momentos paralelos. O time que ganha completo destaque numa trama que pode embaralhar um futuro estabelecido para a humanidade é formado por Wolverine, Fera e pela camuflada Mística. Magneto, a cargo dos excelentes Michael Fassbender e Ian McKellen, é outro que, literalmente, em dois tempos, responde pela dualidade humana que dá peso ao que seja bom e mau.
Gangorra emocional
O roteiro, esperto, não define prontamente um "inimigo" para o grupo X-Men: há incêndios para serem apagados em múltiplos focos. Rescaldo do Vietnã, intrigas com russos, chineses e rachas internos (embalados por dores de amores) alimentam uma cadeia que ameaça da estrutura da Casa Branca ao esfacelamento (até psicológico) dos próprios heróis. O que infla a trama de uma verdadeira gangorra emocional são as metas nem tão óbvias dos vilões, como é o caso do pesquisador de armamentos Bolívar Trask (Peter Dinklage, de Game of thrones) que, por exemplo, não deseja a morte de Mística (de quem almeja até parte do tecido cerebral).
Projetado em vários pontos cômicos, o personagem Mercúrio (Evan Peters, de American horror story) vai dar o que falar, em antológica cena embalada por Time in a bottle, que bem situa o espectador nos tempos das listas telefônicas, da datilografia e dos ácidos (nesse tema, há hilária piada entre o Professor X e Wolverine). Longe de confundir, variáveis como as mortes em massa (registradas no futuro), as imperfeições de um Charles Xavier desprovido de poderes e as ostensivas acrobacias de Mística ganham magnitude, com o aparecimento dos aguardados Sentinelas. Com tantos estragos pela frente, nem os ex-presidentes JFK e Nixon ficam em paz.
Confira o trailer:
Ponto a ponto
James McAvoy
Puro exemplo
Patrick é incrível. Vejo nele tanto um colega quanto um exemplo. Ele é aberto, generoso e sempre faz contato com quem contracena com ele. Não fica apenas esperando a fala dele. Isso é bonito de um ator experiente como ele.
Humanidade
Os heróis de X-Men são humanos, perseguidos, abusados, por serem diferentes. Eles têm medo de se revelar como são. Vejo Charles como o mais humano dos X-Men. Ele tem a grande capacidade de se relacionar. Charles tem o coração maior do que o cérebro. Para mim, o que o define é a empatia. Charles sente a dor dos outros.
Ponto a ponto
Patrick Stewart
Delicado equilíbrio
O professor acredita em diplomacia e isso o diferencia do Magneto (Ian McKellen). Mas, nesse filme, ele percebe que é preciso agir. Às vezes, percebemos que agir e se envolver em algo ruim é crucial. Uma das qualidades do Professor X é ter ciência de que é preciso se colocar no lugar de outra pessoa e ver o mundo por meio dela. Quando você se coloca no lugar do outro, existe a possibilidade de ser um grande líder e, neste caminho, encontrar um meio-termo que o aproxima daquele que seria seu oponente.
Intolerância
Tenho passado tanto tempo com o Ian McKellen. Ele dá muito apoio aos gays e foi importante o fato de ter se assumido. Foi corajoso e isso o tornou um ícone no Reino Unido. Ellen Page (a Kitty Pryde do filme) também seguiu os passos dele. Eu acredito, sim, em tempos melhores em relação à intolerância.
Wolverine é mandado para o passado para alterar o curso da história
Foi uma década de lacuna, mas o bom filho a casa torna: Bryan Singer, figura de ponta na turbinada direção dos filmes de heróis, está de volta, e com vocação para o êxito. Esqueça Superman: o retorno e Operação Valquíria. Singer entende de cenas de mutantes, sempre acuados, capazes do teletransporte, da virada de casaca (na hora certa), de causar histeria coletiva e de, mesmo em péssima conjuntura, atender à cobrança de compaixão imposta pelo mentor Professor X (em momentos distintos, interpretado por James McAvoy e Patrick Stewart).
Não há como negar o desequilíbrio nas aparições de personagens como Apache, Bishop, Mancha Solar, Homem de Gelo e Tempestade - muito condicionados à figuração, nas ações estabelecidas em momentos paralelos. O time que ganha completo destaque numa trama que pode embaralhar um futuro estabelecido para a humanidade é formado por Wolverine, Fera e pela camuflada Mística. Magneto, a cargo dos excelentes Michael Fassbender e Ian McKellen, é outro que, literalmente, em dois tempos, responde pela dualidade humana que dá peso ao que seja bom e mau.
Gangorra emocional
O roteiro, esperto, não define prontamente um "inimigo" para o grupo X-Men: há incêndios para serem apagados em múltiplos focos. Rescaldo do Vietnã, intrigas com russos, chineses e rachas internos (embalados por dores de amores) alimentam uma cadeia que ameaça da estrutura da Casa Branca ao esfacelamento (até psicológico) dos próprios heróis. O que infla a trama de uma verdadeira gangorra emocional são as metas nem tão óbvias dos vilões, como é o caso do pesquisador de armamentos Bolívar Trask (Peter Dinklage, de Game of thrones) que, por exemplo, não deseja a morte de Mística (de quem almeja até parte do tecido cerebral).
Projetado em vários pontos cômicos, o personagem Mercúrio (Evan Peters, de American horror story) vai dar o que falar, em antológica cena embalada por Time in a bottle, que bem situa o espectador nos tempos das listas telefônicas, da datilografia e dos ácidos (nesse tema, há hilária piada entre o Professor X e Wolverine). Longe de confundir, variáveis como as mortes em massa (registradas no futuro), as imperfeições de um Charles Xavier desprovido de poderes e as ostensivas acrobacias de Mística ganham magnitude, com o aparecimento dos aguardados Sentinelas. Com tantos estragos pela frente, nem os ex-presidentes JFK e Nixon ficam em paz.
Confira o trailer:
Ponto a ponto
James McAvoy
Puro exemplo
Patrick é incrível. Vejo nele tanto um colega quanto um exemplo. Ele é aberto, generoso e sempre faz contato com quem contracena com ele. Não fica apenas esperando a fala dele. Isso é bonito de um ator experiente como ele.
Humanidade
Os heróis de X-Men são humanos, perseguidos, abusados, por serem diferentes. Eles têm medo de se revelar como são. Vejo Charles como o mais humano dos X-Men. Ele tem a grande capacidade de se relacionar. Charles tem o coração maior do que o cérebro. Para mim, o que o define é a empatia. Charles sente a dor dos outros.
Ponto a ponto
Patrick Stewart
Delicado equilíbrio
O professor acredita em diplomacia e isso o diferencia do Magneto (Ian McKellen). Mas, nesse filme, ele percebe que é preciso agir. Às vezes, percebemos que agir e se envolver em algo ruim é crucial. Uma das qualidades do Professor X é ter ciência de que é preciso se colocar no lugar de outra pessoa e ver o mundo por meio dela. Quando você se coloca no lugar do outro, existe a possibilidade de ser um grande líder e, neste caminho, encontrar um meio-termo que o aproxima daquele que seria seu oponente.
Intolerância
Tenho passado tanto tempo com o Ian McKellen. Ele dá muito apoio aos gays e foi importante o fato de ter se assumido. Foi corajoso e isso o tornou um ícone no Reino Unido. Ellen Page (a Kitty Pryde do filme) também seguiu os passos dele. Eu acredito, sim, em tempos melhores em relação à intolerância.