Inspirado em best-seller, filme mostra romance entre dois pacientes com câncer
O amor de Hazel por Gus é a mola mestra no desenvolvimento da trama
Ricardo Daehn
Publicação:06/06/2014 06:00
“A dor precisa ser sentida”. Essa sentença move não apenas a admiração suprema (em termos literários) da protagonista da adaptação do best-seller de John Green, mas também, de antemão, todos os espectadores que anseiam pelo lacrimoso filme comandado pelo jovem diretor Josh Boone. É uma ótima opção de lazer entre uma partida da Copa e outra.
Logo na apresentação, Hazel critica “romances açucarados” e adianta que sua jornada será distinta. Dona de comportamentos inesperados quando interage com grupo de apoio, Hazel percebe o horizonte alargado, com a vistosa possibilidade de uma viagem dos sonhos rumo a Amsterdã.
Intimidade
Elemento de inegável frescor e construído gradualmente (em frente ao público), o amor de Hazel por Gus (o simpático Ansel Elgort, de Divergente) é a mola mestra no desenvolvimento da trama. O grau de intimidade e credibilidade dos atores é arrebatador, quando largam seus problemas para viver um pouco fora da cristaleira a qual estão condicionados.
Quem assistiu ao longa As vantagens de ser invisível terá noção de um bom paralelo do grau de veracidade do encontro. A literatura (em particular com referências a um livro apenas) trata de selar o amor de Hazel e Gus, que estão imersos no mundo virtual, e trocam e-mails com o autor Van Houten (Willem Dafoe, numa caricatura), um poço ambulante de cinismo.
O jogo dos “sobreviventes”, como são vistos pelo pai da moça, desemboca em metáforas interessantes como a do cigarro (e a chance de encurtar a vida) sempre à mão para Gus. O rapaz, adepto de intrínseco fatalismo, se divide entre um humor corrosivo (quando promete “tripas, sangue e sacrifício”, a fim de satisfazer um capricho da amada) e uma emotiva fixação nostálgica da vida e do que ela deixou de ser. É nessa brecha, de autocomiseração, que o filme sai, brevemente, dos eixos. Nada é crível, no momento em que três dos personagens passam a teatralizar, à la Juventude transviada e sua antológica sequência da piscina vazia. Sem se render a elogios fúnebres e à patética cena dos aplausos, A culpa é das estrelas seria bem mais interessante.
Boa química da dupla de protagonistas é um trunfo do longa adolescente
“A dor precisa ser sentida”. Essa sentença move não apenas a admiração suprema (em termos literários) da protagonista da adaptação do best-seller de John Green, mas também, de antemão, todos os espectadores que anseiam pelo lacrimoso filme comandado pelo jovem diretor Josh Boone. É uma ótima opção de lazer entre uma partida da Copa e outra.
Saiba mais...
No começo do longa-metragem, a personagem Hazel Lancaster (Shailene Woodley, adorável e refinada, desde a aparição em Os descendentes) deixa todos cientes da precária condição da vida dela. “Sou uma granada”, acredita — sempre colada ao tubo de oxigênio que arrasta numa mochila, em eterna luta contra um câncer.Logo na apresentação, Hazel critica “romances açucarados” e adianta que sua jornada será distinta. Dona de comportamentos inesperados quando interage com grupo de apoio, Hazel percebe o horizonte alargado, com a vistosa possibilidade de uma viagem dos sonhos rumo a Amsterdã.
Intimidade
Elemento de inegável frescor e construído gradualmente (em frente ao público), o amor de Hazel por Gus (o simpático Ansel Elgort, de Divergente) é a mola mestra no desenvolvimento da trama. O grau de intimidade e credibilidade dos atores é arrebatador, quando largam seus problemas para viver um pouco fora da cristaleira a qual estão condicionados.
Quem assistiu ao longa As vantagens de ser invisível terá noção de um bom paralelo do grau de veracidade do encontro. A literatura (em particular com referências a um livro apenas) trata de selar o amor de Hazel e Gus, que estão imersos no mundo virtual, e trocam e-mails com o autor Van Houten (Willem Dafoe, numa caricatura), um poço ambulante de cinismo.
O jogo dos “sobreviventes”, como são vistos pelo pai da moça, desemboca em metáforas interessantes como a do cigarro (e a chance de encurtar a vida) sempre à mão para Gus. O rapaz, adepto de intrínseco fatalismo, se divide entre um humor corrosivo (quando promete “tripas, sangue e sacrifício”, a fim de satisfazer um capricho da amada) e uma emotiva fixação nostálgica da vida e do que ela deixou de ser. É nessa brecha, de autocomiseração, que o filme sai, brevemente, dos eixos. Nada é crível, no momento em que três dos personagens passam a teatralizar, à la Juventude transviada e sua antológica sequência da piscina vazia. Sem se render a elogios fúnebres e à patética cena dos aplausos, A culpa é das estrelas seria bem mais interessante.